Feliz ano novo!

Caros amigos, encontramo-nos neste artigo para a última reflexão de 2014. Neste ritmo somos convidados a um justo exame de consciência, pois, certamente, muitos foram os pensamentos, palavras, atos e omissões deste ano que merecem reflexão, arrependimento e emenda de vida.

De fato, o cristão não pode desanimar na tarefa de construir um futuro diferente a partir de novas escolhas: melhores e mais sinceras. A fé católica ensina que Deus não se aparta daqueles que ama, Ele é constante e imutável; entretanto, cabe a cada um crescer em direção à meta, que é Cristo, pois as verdadeiras e duradouras mudanças têm origem no mesmo lugar donde saíram tantos atos melhoráveis, e alguns quiçá lamentáveis do coração humano. 

Penso nestes dias sobre a lástima da corrupção em tantos ambientes públicos e privados do nosso país. Entretanto, as grandes corrupções financeiras começam nas pequenas sonegações e acordos entre particulares e, se não houver emenda, o próximo ano será ainda pior.

Também as palavras falaciosas de muitos poderosos que enganam a gente simples e honesta do nosso povo brasileiro surgem nas "mentiras brancas” do cotidiano, nas relações escondidas, na perda de confiança na verdade. Muitos são os que se escondem na mentira para manterem privilégios e benefícios, inclusive benefícios financeiros.

O sistema burocrático inumano, que ceifa vidas ocultas por trás de relatórios, laudos médicos, permissões, liberações, multas, avisos e tantos outros papéis, se origina nas relações frias do cotidiano, onde repetimos o mesmo procedimento dos dois viajantes da famosa "parábola do Bom Samaritano” (Cfr. Lc 10, 30ss), que chegaram ao lugar, viram a miséria do homem assaltado e saíram por outro lugar. Quantas vezes esta cena se repete nas salas de espera dos hospitais, nas seguradoras, nos escritórios das repartições públicas, nas sacristias...

O Santo Padre, o Papa Francisco, dirigindo-se no dia 22 de dezembro à Cúria Romana, manifestou seus desejos de felizes festas, mas também propôs um excelente exame de consciência. A mensagem não ilumina somente um lugar da Igreja, mas é forte o suficiente para iluminar o mundo: tanto os ambientes eclesiais como os ambientes civis de trabalho e cooperação. Convido a todos que se utilizem dos modernos meios de comunicação para lerem e rezarem sobre o discurso do Papa Francisco à Cúria Romana de 22/12/2014.

Por fim, desejo também a todos os leitores deste artigo um feliz ano de 2015, junto de Deus e de seu amor exigente.