​A esperança

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Caros amigos, após os conturbados momentos pelos quais passou a política nacional, não faltam notícias sobre os grandes desafios que deverá enfrentar nossa jovem e frágil democracia imersa em inúmeras promessas e projetos de mudança.

Vimos, durante o longo e doloroso processo de impeachment, a festa de uns e a frustração de outros. Surge uma esperança com o iminente perigo de uma eventual desesperança diante da melhora imediata de graves problemas estruturais. Entretanto, tais mudanças não acontecerão da noite para o dia.

Acostumamo-nos a projetar sobre “figuras messiânicas” a solução para o Brasil e não percebemos que isto é uma ilusão! Não estou dizendo que pessoas boas não podem fazer a diferença, mas não é lúcido colocar sobre um ser humano a responsabilidade pela reedificação de uma nação, estado ou município se não houver igualmente uma mudança de estrutura e mentalidade que acompanhem as ações do bom governante.

Entretanto, estas transformações só acontecem em longo prazo. Assim, a novidade tão almejada não será fruto de uma ideia brilhante ou de uma vontade inquebrantável, mas de uma nova consciência do que está entre nós, de algo que já está acontecendo e pode crescer e dar frutos, se for convenientemente cuidado.

Quantos propósitos edificantes podem nascer dos escombros de uma nação arrasada pela corrupção? Portanto, não é tempo de desânimo, mas de esperança!

A história da Igreja, e da humanidade em seu conjunto, está repleta de experiências positivas. É um desafio para o nosso tempo olhar para elas e descobrir indicações para o atual cenário político.

Para evitar frustrações dolorosas, nossa atitude deve ser de evitar o excessivo peso das esperanças apenas sobre os poderes públicos.

É chegado o momento de redescobrimos que a mudança passa também por nossa responsabilidade social, em uma vida nova na qual podemos nos ajudar mutuamente, nos próprios atos e na política. Quando partimos das experiências concretas e do desejo de bem que existe em cada um de nós, mesmo que não possamos chegar a todos os âmbitos, temos, juntos, a possibilidade de construir um futuro melhor pensando no bem comum que é o alicerce de toda boa política.

Dom Edney Gouvêa Mattoso, bispo diocesano de Nova Friburgo

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Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

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