Em que acreditar?

segunda-feira, 29 de maio de 2017

Caros amigos, vivemos em uma tradição de instituições, que por meio de sua credibilidade e comprovada estabilidade, marcaram o caminho da sociedade atual. É comum, inclusive, esquecer dos indivíduos e lembrar das instituições como agentes da história.

Hoje, entretanto, há uma forte onda individualista influenciando a mentalidade moderna, onde a intimidade do homem parece estar sempre “à mostra”, sobretudo nas redes sociais, que são cada vez mais populares e rápidas. Deste modo, percebemos mais facilmente as incoerências dos indivíduos. Podemos dizer que “descobrimos o que todo mundo já sabia” ou deveria saber: que o ser humano peca, falha, é incoerente em muitos pontos e que a impecabilidade é uma espécie de “sonho do paraíso perdido”. E, por isso, muitos perdem a fé nas instituições.

A primeira coisa que chama a atenção neste contexto é a exterioridade dos juízos coletivos sobre as pobres e indefesas imagens particulares. Bem valeria aquele dito de Nosso Senhor: “Quem não tiver pecado, atire a primeira pedra” (Jo 8, 7). E como os outros estão mais facilmente ante meus olhos do que eu mesmo, observo muito os erros destes e começo a duvidar de todo mundo. O outro transforma-se em meu inferno pessoal e isto é doentio! Pois, apesar de desde sempre haver corruptos, desde sempre também existem pessoas honestas, pecadoras em muitos pontos, mas honestas com suas responsabilidades. Não podemos perder a fé no ser humano!

A solução definitiva para a corrupção serão “os novos céus e novas terras onde habitará a justiça” (2Pe 3, 13), mas enquanto esperamos esta renovação, a solução serão leis mais rígidas que evitem os criminosos nos cargos públicos, inibindo as “manobras políticas” e as “trocas de favores” motivadas pelo egoísmo.

Sem dúvida, primeiro é necessário acabar com a impunidade, ou seja, quem comete o crime deve pagar por ele. Também é evidente que este movimento não se fará sem grandes contendas judiciais e políticas, pois os corruptos não querem perder seus esquemas iníquos e nem pagar pelos seus crimes, mas o cristão não pode ter medo da luz da verdade. O passo seguinte será um conjunto legislativo baseado na verdade e na honestidade, visando o bem comum e a proteção dos mais frágeis de nossa sociedade.

Entender isso e aplicá-lo também em nossa vida pessoal é um caminho possível de progresso. Não podemos desacreditar do homem ou das instituições, mas é preciso criar uma nova cultura de corresponsabilidade, justiça e fraternidade: sinal do Reino de Deus.

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Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

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