“Eis-me aqui” (Is 6,8)

terça-feira, 31 de julho de 2018

Caros amigos, nos aproximamos do mês de agosto, período que tradicionalmente a Igreja do Brasil dedica-se à oração e à reflexão sobre o tema das vocações. Em nossas últimas reflexões falamos da vocação à santidade, que todos nós recebemos por graça e vontade de Deus. Este chamado universal à uma vida santa, na participação da natureza divina, nos impulsiona à uma resposta específica, diante das nossas liberdades individuais.

O Papa Francisco diz que a existência humana não está submersa no acaso, nem está à deriva em uma série de eventos caóticos. A vida e a presença do homem no mundo são fruto de uma vocação divina. Junto com a vocação que recebemos está a missão de transformar as realidades terrenas e construir o reino de Deus.

Na diversidade e especificidade de cada vocação, pessoal e eclesial, trata-se de escutar, discernir e viver esta palavra que nos chama do alto e, ao mesmo tempo que nos permite pôr a render os nossos talentos, faz de nós também instrumentos de salvação no mundo e orienta-nos para a plenitude da felicidade” (Mensagem do Papa Francisco para o 55º Dia Mundial de Oração pelas Vocações).

Abraçar os planos de Deus e assumir a missão de colaborar com a obra criadora implica uma resposta livre e gratuita, que resulta na mudança de vida pautada na vivência coerente da caridade. Todos nós assumimos, pelo nosso batismo, a missão de sermos a presença viva e eficaz de Cristo em meio ao mundo (cf. Lc 10,1). Assim, viver o chamado de Deus é mais que assumir um estereótipo, ou atuar como uma personagem, é abrir a própria existência para a vontade de Deus.

A vocação é, portanto, um convite ao “êxodo permanente do eu fechado em si mesmo para a sua libertação no dom de si e, precisamente dessa forma, para o reencontro de si mesmo, mais ainda para a descoberta de Deus” (Deus caritas est, 6). Deus nunca cessou o chamado que fez a seus discípulos. O ‘vem e segue-me’ se renova todos os dias nas necessidades da Igreja, do mundo e dos irmãos. Mas, o desejo de poupar a própria vida fecha-nos no egoísmo, tornando-nos incapazes de viver a verdade anunciada por Nosso Senhor: “Quem quiser salvar sua vida a perderá; e quem perder sua vida por causa de mim a encontrará. De fato, que adianta a alguém ganhar o mundo inteiro, se perde a própria vida? Ou que poderá alguém dar em troca da própria vida?” (Mt 16, 25-26).

A construção de um mundo novo depende da resposta decidida de homens e mulheres ao chamado de Deus. Cada um acolhendo a vontade divina e fazendo multiplicar os dons que recebeu, faz progredir a humanidade inteira no “caminho da fé viva, que estimula a esperança e que atua pela caridade” (Lumen gentium, 41).

Conscientes de nossa condição de vasos de barro, mas que carregam um grande tesouro (cf. 2Cor 4,7), tenhamos coragem de repetir todos os dias: “Eis-nos aqui, envia-nos” (cf. Is 6,8).

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Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

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