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“É morrendo que se vive para a Vida Eterna” - 2 de novembro.
O mês de novembro assume peculiar tonalidade a partir de duas importantes celebrações profundamente enraizadas na cultura brasileira: a solenidade de Todos os Santos e a Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos, esta última mais conhecida como Dia de Finados.
Sempre esteve presente nas sociedades humanas a necessidade de recordar seus entes queridos falecidos, e a celebração hodierna insere-se neste contexto, no qual a fé sublima sentimentos profundamente inscritos no coração humano. A grande família da Igreja encontra nestes dias um tempo de graça, e vive-o, segundo a sua vocação, estreitando-se em oração junto do Senhor e oferecendo o seu Sacrifício redentor em sufrágio dos fiéis defuntos.
A dor da perda de um ente querido não encontra consolo no simples fato de se repetir tantas vezes. Não nos acostumamos com a dura realidade da morte que, em nosso peregrinar neste mundo, se apresenta como uma contradição para o espírito humano em seus anelos de eternidade.
Entretanto, para os que creem em Cristo, a morte é transfigurada em mistério de Vida, pois é o portal através do qual o coração humano encontra a plenitude e o sentido mais profundo da existência na comunhão íntima do Criador.
O Santo Padre Bento XVI nos dizia em uma Santa Missa celebrada pelos bispos falecidos no ano de 2005: “Nós, seres humanos, temos necessidade de um amigo, de um irmão que nos pegue pela mão e nos acompanhe até à ‘casa do Pai’ (Jo 14, 2); precisamos de alguém que conheça bem o caminho. E Deus, no seu amor ‘superabundante’ (Ef 2, 4), enviou o seu Filho, não só para o indicar a nós, mas para se fazer ele mesmo o ‘caminho’ (Jo 14, 6). (...) Jesus é o caminho aberto para todos”.
Não nos contentamos com um pensamento bonito e reconfortante, como um lenitivo para nossas tristezas. A fé nos exorta a ver a morte como ela é: uma realidade presente no mistério da vida, que dá termo à única e irrepetível vida terrena, mas que não aniquila nossa existência.
Aspiramos à vida que não seja tocada sequer pela morte, apesar de sabermos que no momento tudo quanto podemos experimentar não é o que anelamos. Assim o exprime Jesus: “Eu hei de ver-vos de novo; e o vosso coração alegrar-se-á e ninguém vos poderá tirar a vossa alegria” (Jo 16,22).
Deste modo, recordando o mistério da morte e homenageando os nossos entes queridos falecidos, reafirmamos nossa fé na vida que todos desejamos.
Dom Edney Gouvêa Mattoso
A Voz do Pastor
Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.
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