Discernir os sinais dos tempos

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Caros amigos, não desejo neste artigo simplesmente aumentar as muitas notícias que denotam a profunda crise estrutural que nosso país vem atravessando. Enquanto outros países, com menos recursos humanos e naturais do que o nosso, estão enfrentando guerras, revoltas e imigrações, o nosso é obrigado a conviver com a criminalidade e a má administração pública.

Não falo da criminalidade pequena, que é homicida em baixa escala e em suas raízes advém da má administração. Abordo aqui os grandes crimes, que matam milhares, secam as fontes da liberdade e domesticam a população através da falta de informação.

O famoso escritor inglês Aldous Huxley já afirmava no prefácio de sua obra Admirável Mundo Novo (1932): “Um estado totalitário verdadeiramente eficiente seria aquele em que o executivo todo-poderoso de chefes políticos e seu exército de administradores controlassem uma população de escravos que não tivessem de ser coagidos porque amariam a servidão. Fazer com que eles a amem é a tarefa confiada, nos estados totalitários de hoje, aos ministérios de propaganda, diretores de jornais e professores”.

Ouvir todos os dias que alguém é investigado por corrupção é uma lástima. Tristeza maior é que a grande maioria da população, por falta de informação e formação, não é capaz de interpretar estes sinais dos tempos e acaba colaborando com o que mais abomina.

Desde 1961, com São João XXIII, o termo “sinais dos tempos” (Mt 16, 3) foi incorporado na linguagem habitual dos documentos da Igreja (Humanae Salutis, 4). Interpretar os sinais dos tempos, segundo o sentido bíblico e magisterial, é perceber que veio ao mundo o Messias e, por isso, o mal não terá um futuro promissor, pois passará como passa a figura deste mundo: Deus “derruba do trono os poderosos e eleva os humildes”.

Entretanto, vivemos em um tempo que os cidadãos já não reconhecem a sua história e não erigem novos monumentos, pois não acreditam mais na existência de figuras exemplares. Infelizmente, as pessoas correm o risco de querer imitar o mal e desprezar o bem, pois subsiste a ilusão de que “o crime compensa”. Mas, para o cristão, isto é inconcebível!

O papel da Igreja e de todo cristão, a exemplo de Jesus, é anunciar que não basta preocupar-se com um aqui e agora cego e alienado, mas com o Reino de Deus, que está no meio de nós! E, no final, “Deus examinará as vossas obras e sondará as vossas intenções” (Sb 6, 3). Para este desfecho se encaminham o tempo e a história.

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Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

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