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Deus de bondade
terça-feira, 10 de dezembro de 2013
Caros amigos, nossas lutas cotidianas, que são parte essencial da construção da sociedade e de nós mesmos, devem ser também um reconhecimento gozoso do muito que Deus nos dá todos os dias. Na Eucaristia, quando o sacerdote apresenta o pão e o vinho, oferece com alegria também o "fruto da terra e do trabalho humano”, pois nestes bens reconhece um precioso presente do Criador.
Trabalhar com o coração em Deus é reconhecer-se administrador das propriedades do Criador! É repelir a ganância do "querer só para si”, e abrir-se à bondade que Deus colocou em todas as coisas, e que nos convida a também sermos bons.
De fato, o início da bondade humana é o reconhecimento da bondade de Deus. Ainda que o produto de nossas mãos seja sempre limitado, e, facilmente, caiamos vítimas da ganância, da avareza e da inveja; a bondade de Deus nos mostra que o caminho da felicidade é a liberalidade e a liberdade diante das coisas que "possuímos”.
Deixar-se abater pela infelicidade de cobiçar os bens alheios e pela vontade de ter mais é o mesmo que levantar trincheiras de batalha contra Deus. Ensina São Bernardo de Claraval: "Para começar a vontade própria subtrai-se e recusa-se ao domínio d’Aquele a quem, por lei natural, deve estar submetida. Mas contenta-se com esta rebelião? De maneira nenhuma. Quer ainda roubar a Deus tudo o que lhe pertence, porque a cupidez humana não sabe impor limites a si própria: o mundo inteiro não lhe seria suficiente. (...) Pretende — coisa horrível de se dizer — atacar o Criador em pessoa. Suprimi-o! Pois desejaria que Deus não pudesse pedir-lhe contas de suas arbitrariedades e faltas. Isto é, quereria que Deus não fosse Deus, que fosse impotente, ou injusto, ou insensato! Pode haver maior malignidade?” (São Bernardo, Sermão de páscoa III, 3).
Esta classe de sentimentos afasta-nos da simplicidade e da alegria do reconhecimento dos dons de Deus, e, por isso, nos afastam do próprio Criador, que é amor e não reserva nada somente para si. Se nos deixarmos guiar pela má e triste vontade própria, não conseguiremos viver bem o advento que agora se inicia. Em seu Filho, Jesus Cristo, o Pai nos deu tudo. O que nos falta entregar?
Abramos os olhos para este verdadeiro "presente de natal”, que já recebemos, mas que devemos fazer mais nosso todos os dias. Afastemo-nos da murmuração e da ganância. Aprendamos a lição do Menino Deus que vem pobre sobre a manjedoura de Belém.
Dom Edney Gouvêa Mattoso
A Voz do Pastor
Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.
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