Deus de beleza

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Caros amigos, Santo Agostinho, em seu belíssimo itinerário de conversão, refere-se a Deus como "Beleza de todas as belezas” (Confissões, VI). De fato, Deus é belo. Nele a bondade, a verdade e a beleza se encontram de modo pleno! E pensar que esta realidade quis esconder-se no pequeno menino nascido em Belém. Contemplar o presépio de Natal transporta-nos para a "plenitude dos tempos”, quando Deus enviou o seu Filho ao mundo, para resgatar a beleza verdadeira de todas as criaturas.

Nossa percepção da beleza foi ferida pelo pecado, e por isso, para nós, a beleza pode ser uma armadilha de ambiguidade. A beleza que não manifesta o bem e não leva à verdade é falsa. Diz o ditado popular que "nem tudo o que reluz é ouro”. De fato, o mal pode aparecer revestido de beleza. São Paulo o insinua quando diz que "satanás também se transfigura em anjo de luz” (cfr. IICor 11,14).

Entretanto, em Cristo, a beleza é verdadeira. A liturgia o canta como "o mais belo entre os filhos dos homens” (cfr. Sl 44). A este respeito comentou o então cardeal Ratzinger: "NEle aparece muito mais a beleza da Verdade, a beleza do próprio Deus que nos atrai a si e ao mesmo tempo nos causa a ferida do Amor, a santa paixão (eros) que nos faz ir ao encontro, junto e com a Igreja-Esposa, do Amor que nos chama” (Meeting, 2002).

O Natal pode ser melhor vivido se encontrarmos esta beleza que manifesta a bondade e atrai para a verdade. Nela não está somente o que "agrada aos sentidos” de modo simples, mas o que atrai o coração de modo pleno, mesmo que invisível aos olhos.

É sábio perceber que a aparência das criaturas passa, mas permanece a beleza enquanto relacionada com o Criador de todas as coisas. "Disse então a todas as coisas que meu corpo percebe: ‘Dizei-me algo de meu Deus, já que não sois Deus; dizei-me alguma coisa dele’ – e todas exclamaram em coro: ‘Ele nos criou’ – Minha pergunta era meu olhar, e a resposta a sua beleza”. (S. Agostinho, Confissões, VI).

A beleza verdadeira é capaz de levar o homem a querer o bem e a fazer o bem. O Natal será belo se for um Natal de bondade: onde os inimigos se reconciliam, os pobres são reconfortados pela justiça e pela caridade, as famílias se reúnem, e todo o aparato externo de luz e cores manifeste a verdade e a bondade de Deus, que veio para nos salvar. Como Bispo Diocesano de Nova Friburgo, desejo a todos os homens de boa vontade um "feliz e Santo Natal!”


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Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

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