Desgoverno

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Caros amigos, uma das mais importantes missões sociais é a daquele que administra os bens e os serviços para o bem comum. Nosso Senhor Jesus Cristo, no Evangelho, compara algumas vezes o reino dos céus com esta nobre e necessária função (Cfr. Mt 25, 14ss; Lc 12, 39ss e 16,1ss), reafirmando, sua importância para a sociedade e diante de Deus. Assim está escrito no Evangelho de Lucas: “Quem é o administrador fiel e atento, que o senhor encarregará de dar aos demais servos o alimento na hora certa? Feliz aquele servo que o senhor, ao chegar, encontrar agindo assim! ”. (Lc 12, 42-43)

O fato é que a responsabilidade de governar é grave, e torna-se gravíssima quando se trata da administração pública de um estado ou de uma nação. O compêndio de doutrina social da Igreja recorda o fundamento e “a pessoa humana é o fundamento e o fim da convivência política” (384) e que tal comunidade deve “esforçar-se, antes de mais, pelo reconhecimento e pelo respeito da sua dignidade (da pessoa humana) mediante a tutela e a promoção dos direitos fundamentais e inalienáveis do homem” (388).

Há tempos que assistimos escândalos no cenário democrático de nosso país e de nosso estado que, segundo evidencia o próprio trabalho dos poderes públicos, foram causados por uma série de contravenções e prevaricações praticadas por governantes que ofenderam gravemente o bem comum de nosso povo sem, contudo, apresentarem ainda hoje uma satisfação ou restituição adequadas.

 É preciso consertar as coisas e voltar a crescer, mas não é direito propor que somente uma parcela de nosso povo, já ultrajada por tantos crimes, assuma sozinha o preço pela retomada daquele verdadeiro crescimento humano e social que tem direito e dever de promover e viver. Toda a sociedade é convocada a restaurar o respeito à dignidade de todos e cada um dos cidadãos, a partir da recuperação dos padrões morais, sustentáculos de uma sociedade sadia.

Hoje está na moda dizer que “situações extremas exigem medidas extremas” e, de fato, é possível que cortes ou atrasos na satisfação dos direitos individuais pode ser uma medida temporária e necessária. Entretanto, quando estas incidem somente sobre os mais pobres é sinal de que as pretendidas soluções de crescimento padecem ainda do mesmo mal que originou nossa queda.

Só uma nova mentalidade, pautada nos valores do evangelho, pode pôr fim ao “desgoverno” que faz todos os dias mais vítimas anônimas e sem voz em nossa sociedade.

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Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

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