Corrupção e pecado (3)

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Caros amigos, neste último artigo sobre "corrupção e pecado”, meditaremos sobre como a corrupção se perpetua, apesar de todos reconhecerem que ela é má e deve acabar. 

A atitude corrupta, a grandes rasgos, segue habitualmente estes passos: 

1. O corrupto permuta seus ideais transcendentes pela imanência sedutora do mundo; 

2. Ele justifica seus baixos ideais;

3. O corrupto se autoproclama "senhor da verdade”. Neste nível, acontece um certo "proselitismo”. O Cardeal Bergoglio chegou a afirmar que "o pecado e a tentação são contagiosos, mas a corrupção é proselitista” (08/12/2005).

O corrupto, como se autodenomina "juiz de todos”, procura parecer sempre "equilibrado”, como um "centrista”; e, quando as circunstâncias o obrigam a tomar medidas desmesuradas que denunciam sua corrupção, mascara seu mal proceder sob o argumento de que é necessário para "custodiar um bem maior”. Porém, o que se perpetua é a injustiça. 

A verdade, entretanto, resiste a este tipo de manipulação e, mais cedo ou mais tarde, aparecerá e, inevitavelmente, se voltará contra o manipulador. Entrementes, permanece uma capa de cinismo sobre o mal que é perpetuado. E também permanece um ambiente de "triunfo”, o qual é ideal para o crescimento de atitudes corruptas. 

De fato, toda corrupção cresce e, ao mesmo tempo, se expressa nesta atmosfera de que "o crime compensa”. Pois, a experiência comum diz que tais atitudes dão bom resultado, e as pessoas envolvidas se sentem, de fato, "ganhadoras”. Este triunfo confirma e faz avançar as más ações que reordenam-se e rearranjam-se com valorações errôneas. Por isso é comum que as pessoas que entram em um ambiente de corrupção imitem o erro dos outros e se acostumem com eles, ainda que as relações humanas não sejam verdadeiras e o ambiente se torne insuportável.

De fato, na corrupção não existe fraternidade e amizade, mas somente cumplicidade ou inimizade. Não há felicidade e contentamento, mas vanglória, vaidade e uma ganância crescente. Como adverte o apóstolo São Thiago: "Se fomentais, no coração, amargura, ciúme e rivalidade, não vos ufaneis disto, mas deixai de mentir contra a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto. Ao contrário, é terrena, egoísta e demoníaca! Onde há inveja e rivalidade, aí estão as desordens e toda espécie de obras más” (Tg 3, 14-16).

Assim, enquanto reinar a impunidade, mais pessoas se associarão à injustiça. Peço a Deus que todos os cristãos desterrem de seu meio toda corrupção, para viverem em paz e serem promotores da paz.


TAGS:

Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.