“Coragem, levanta-te! Ele te chama” (Mc 10,49)

Caros amigos, todos os anos, no mês de setembro, a Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB lança um estudo popular sobre um livro da Sagrada Escritura. Este ano, o livro estudado foi o Evangelho segundo Marcos, o mais curto dos quatro evangelhos.

O Evangelho segundo Marcos é apresentado como uma proposta de caminho para o discípulo de Jesus Cristo. Expõe com grande realismo as dúvidas e descaminhos dos discípulos de ontem para os discípulos de hoje, que passam ainda por situações semelhantes em sua existência e missão.

O encontro com Jesus Cristo é sempre transformador e novo, e exige uma tomada de posição. Tal encontro não deixa indiferente a ninguém: seus milagres, palavras, libertações e presença obrigam-nos a uma decisão. Ao mesmo tempo, devemos dizer também que o discípulo não conhece com precisão o Mestre num primeiro momento, isto se dará com a perseverança do discípulo, com sua contemplação, escuta e serviço.

Assim, o impulso inicial é motivado radicalmente pela fé, que ainda que não compreenda todos os aspectos, aceita o desafiador convite de Jesus: “Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15).

São Marcos nos conduz ao cenário maravilhoso dos primeiros discípulos que descobriram no homem de Nazaré (cfr. Mc 1,9), anunciado por João Batista (v.7) e confirmado pela voz do Céu (v.11), o Messias (cfr. Mc 8,29). Um Messias que não encarna as expectativas políticas do povo, mas que é, sobretudo, aquele que faz a vontade de Deus (cfr. Mc 3,35), mesmo suportando as fatigas das muitas viagens, a contradição dos mestres da lei e fariseus (cfr. Mc 7,1), e a dura realidade da morte (cfr. Mc 8,31; 10,33-34).

Conhecendo melhor Jesus Cristo no contato pessoal (cfr. Mc 3,13-14), o discípulo entra em contato também com sua própria identidade e responsabilidade diante de Deus e do mundo que precisa ser evangelizado (cfr. Mc 16,15).

Ocupa importante espaço no Evangelho em questão o relato da paixão, morte e ressurreição do Senhor Jesus. Realidade marcada pela infidelidade dos discípulos (cfr. Mc 14,27) e pela entrega generosa e decidida do Senhor Jesus (v. 36). O drama da paixão que conduz à vida plena é experimentado também por todos os que querem ser fiéis ao projeto do Pai. Permanece na vida da Igreja a sentença: “Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”! (Mc 8,34). Sigamos nós também o Filho de Deus (Mc 1,1), anunciado por São Marcos em seu Evangelho.