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Contemplação, escuta e serviço
Caros amigos, hoje dedico este espaço de reflexão à Ação de Graças a Deus pelos vinte cinco anos de sacerdócio, que completei no último dia 29 de agosto.
É comum, em ocasiões como estas, que as pessoas se aproximem dos “aniversariantes” e os felicitem pela feliz passagem de sua data comemorativa. Não questiono esta tradição, entretanto, minha experiência pessoal leva-me à contemplação, escuta e serviço.
O amor que Cristo pede a todos os que se encontram com Ele e o reconhecem como Senhor, suscita no coração uma imediata resposta de fidelidade: “deixaram tudo e o seguiram...” repete inúmeras vezes o Evangelho (cfr. Lc 5, 11). Porém, o impulso inicial não é prova real do amor, pois este comprova-se no tempo que se vive, e a este amor perseverante se dá o nome de fidelidade.
O discípulo de Jesus sempre conviverá com suas limitações, mas ao olhar o caminho que percorreu e sinceramente reconhecer a ajuda de Deus, pode, sem dúvida, chamar este tempo de serviço a Deus de fidelidade. Ensina-nos o apóstolo São Tiago: “Considerai uma grande alegria, meus irmãos, quando tiverdes de passar por diversas provações, pois sabeis que a prova da fé produz em vós a constância” (Tg 1,2-3).
O que comemoramos em 25 anos de sacerdócio? A fidelidade do passo mantido, o crescente conhecimento da bondade e beleza de Deus, Nosso Senhor, e as conquistas que reconhecemos como fruto de nosso humilde serviço e acima de tudo da bondade de Deus.
Neste dia, tive a oportunidade de conferir o primeiro grau do sacramento da ordem a dois jovens acólitos, que, após a imposição das minhas mãos e a oração, são para sempre consagrados a Deus. Nesta solene Eucaristia eles prometeram a fidelidade. Vamos também pedir a Deus esta graça para os novos diáconos, pois só a fidelidade é capaz de trazer a alegria verdadeira ao inquieto coração humano.
Fidelidade não é simplesmente ausência de traição, mas é uma atitude dinâmica e positiva, que implica muitas vezes a abnegação. É uma vontade livre, firme e constante, a pesar da erosão do tempo e dos obstáculos interiores e exteriores, que costumam naturalmente ocasionar uma mudança do querer.
O livro do Apocalipse compara a fidelidade até o fim à vitória (cfr. Ap 2,7): A vitória que conduz à vida! E, de que vale a vida se ela não foi capaz de produzir frutos de perseverança e de amor verdadeiro? O espírito humano anseia por esta realização, de fato nascemos para ela! Que Deus conserve todo o nosso povo na fidelidade até o fim. Amém.
Dom Edney Gouvêa Mattoso
A Voz do Pastor
Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.
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