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Consagrados para o serviço e para o amor
Caros amigos, estamos inseridos numa realidade que por diversos modos tenta, como a serpente no Jardim do Paraíso (cf. Gn 3,1-6), corromper nossa fé e esperança, tornando-nos inaptos para a caridade. Submerso no individualismo, no consumismo e na sensualidade, o mundo torna-se doente e necessitado da verdade anunciada pelo testemunho autêntico dos cristãos.
Pelo sacramento do Batismo não somos somente incorporados na comunidade eclesial, mas tornamo-nos membros do próprio Cristo e participantes da sua missão (cf. Catecismo da Igreja Católica, 1213). Consagrados pelo Espirito Santo, assumimos a difícil tarefa de ser sinal e profecia do amor do Pai para a comunidade dos irmãos e para o mundo, fazendo ecoar as palavras do Evangelho: “Vós sois o sal da terra. (...) Vós sois a luz do mundo” (Mt 5,13.14).
Sem esta compreensão, muitos fazem do serviço a Deus uma espécie de moeda de troca. Escravos dos próprios interesses assumem responsabilidades visando apenas satisfazer os seus anseios de promoção pessoal. Vivendo assim, dificilmente darão testemunho da beleza da comunhão trinitária, que é o fim verdadeiro de toda a humanidade.
Ante as trevas do pecado, se faz urgente o nosso testemunho cotidiano e comprometido de cristãos que se consagram ao amor de Deus e ao serviço aos irmãos. Apesar de inseridos na realidade deste mundo passageiro, não pertencemos a ele: “Vós não sois do mundo, mas do mundo vos escolhi” (Jo 15,19).
O Concílio Vaticano II esclarece: “[Os cristãos] vivem no mundo, isto é, em toda e qualquer ocupação e atividade terrena, e nas condições ordinárias da vida familiar e social. São chamados por Deus para que, exercendo o seu próprio ofício, guiados pelo espírito evangélico, concorram para a santificação do mundo a partir de dentro, como o fermento, e deste modo manifestem Cristo aos outros, pelo testemunho da própria vida, pela irradiação da sua fé, esperança e caridade” (Lumen Gentium, 31).
Fomos escolhidos e consagrados por Deus para dar testemunho da verdade. Isto exige de nós “muita generosidade e, sobretudo, o olhar e o coração dirigidos ao alto, para invocar a ajuda do Senhor” (Papa Francisco, Angelus, 03 jul. 16).
Encontramos na Virgem Maria o mais belo exemplo de uma vida totalmente consagrada a Deus. Escolhida para ser a mãe do Salvador, atravessou toda a sua existência como uma mulher comum de seu tempo. No dia-a-dia, cumpriu sua missão de mulher dedicada à família e à casa, cuidou dos afazeres cotidianos, foi ao encontro dos necessitados, tudo em total união com Jesus (cf. Angelus, 15 ago. 2018).
“Firme na fé, pronta na obediência, simples na humildade, exultante no louvor do Senhor, ardente na caridade, forte e constante no cumprimento da sua missão até ao holocausto de si própria, em plena comunhão de sentimentos com o seu filho” (Paulo VI, Signum Magnum, 6), Maria é o protótipo da Igreja que assume a responsabilidade de junto com o filho edificar, já no mundo presente, o reino de Deus.
Um testemunho simples e habitual é o que devemos dar ao mundo. Homens e mulheres que desde a manhã até à noite manifestam o amor de Deus no exercício de suas tarefas diárias e no cuidado com o próximo. Que sem medo de perder a própria vida (cf. Mc 8,35), assumam seu lugar na construção de uma sociedade repleta de fé e caridade, renovadora do mundo conforme o Evangelho.
Dom Edney Gouvêa Mattoso
A Voz do Pastor
Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.
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