Chamado e resposta

terça-feira, 20 de agosto de 2019

Caros amigos, tradicionalmente o mês de agosto é dedicado à reflexão sobre as vocações específicas na comunidade dos discípulos de Jesus. Sabemos que “não falta dom algum aos que esperam a revelação de Nosso Senhor Jesus Cristo” (1Cor 1, 7), porém cada indivíduo “manifesta dons diferentes, segundo a graça que lhes foi dada” (Rm 12, 6).

Esta graça única e intransferível é a vocação, chamado de Deus ao homem, para que este participe de seu projeto salvador. Assim, podemos dizer que a maturidade cristã de uma comunidade se mede também pelas vocações bem vividas que possui.

Certa vez, o Papa Francisco refletindo sobre o chamado que Deus faz a cada membro de sua Igreja, disse que “a vocação é um fruto que amadurece no terreno bem cultivado do amor de uns pelos outros que se faz serviço recíproco, no contexto de uma vida eclesial autêntica. Nenhuma vocação nasce por si, nem vive para si. A vocação brota do coração de Deus e germina na terra boa do povo fiel, na experiência do amor fraterno”.

Logo, a vocação é fruto da dinâmica na qual o homem, atento às palavras do Senhor, responde livremente com a fé, prestando a Deus inteira adesão e obediência (cf. Catecismo da Igreja Católica, 173). Ou seja, é feita de chamado e resposta, convite e acolhida, graça divina e tarefa humana. Um diálogo que torna a alma humana fecunda em boas obras (Cfr. Mt 13, 8).

Responder ao chamado que Deus faz exige sair de si, acolher os planos de Deus e coloca-los como primeira meta de vida. No Evangelho, Jesus Cristo é categórico ao dizer: “Quem quiser salvar a sua vida a perderá, e quem perder a sua vida por causa de mim a salvará” (Lc 9, 24).

“Toda a vocação exige sempre um êxodo de si mesmo para centrar a própria existência em Cristo e no seu Evangelho. Quer na vida conjugal, quer nas formas de consagração religiosa, quer ainda na vida sacerdotal, é necessário superar os modos de pensar e de agir que não estão conformes com a vontade de Deus.” (Papa Francisco, 11 mai. 2014).

Quando, entretanto, o homem resiste a este chamado e entrega-se ao medo de dizer sim a Deus, sua alma perde a vitalidade. Isto porque sem o toque da graça divina o coração humano permanece como um deserto estéril, impróprio para vida e para a comunhão. Deste estado deriva uma tristeza muito característica, que vem acompanhada da inveja, do ciúme, da amargura, e de tantos outros maus sentimentos tão comuns em nossa sociedade.

Para compreendermos melhor o que é uma vocação verdadeira basta contemplarmos a entrega de uma vela. Para iluminar ela entrega-se totalmente, consome-se para fazer sua luz brilhar em meio a escuridão. Sua existência, certamente, é o preço mais alto de seu fulgor.

Da mesma forma, cada batizado para fazer a luz de Cristo resplandecer em meios as trevas deste mundo precisa desgastar-se, se deixar consumir por amor a Deus e aos irmãos. Uma “vela encaixotada” só acumula impurezas, ficando esquecida eternamente embrulhada dentro de uma embalagem que, na mesma medida que a protege, se interpõe a sua plena realização.

A vida e a presença do cristão no mundo são frutos de uma vocação divina, estejamos atentos ao chamado de Deus e, com os talentos que dele recebemos, façamos crescer o reino de paz e verdade (Mt 25,14-30).

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Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

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