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Caminhemos com olhos fixos em Jesus
Caros amigos, o itinerário pascal revela-nos o cumprimento da salvação que recebemos na paixão, morte e ressurreição de Jesus. A tristeza e o desânimo, que contagiaram a vida dos discípulos, são afastados pela esperança nascente da vitória de Cristo sobre a morte. A experiência do ressuscitado faz morrer tudo aquilo que mata a esperança de recomeçar.
Infelizmente, as mudanças sociais e culturais de nosso tempo afastam a humanidade desta realidade de fé. O pensamento moderno tem produzido novas formas de relacionamento do homem com o mundo. Novos estilos de vida ancorados no fascínio de tantos ídolos que se colocam no lugar de Deus e parecem dar esperança: o dinheiro, o poder, o sucesso, o prazer. Contudo, ao confrontar-se diariamente com a realidade desprovida de ideais, sem trabalho, sem horizontes, sem paz, o ser humano é levado à desesperança.
O Papa Francisco, atento a este perigo, anima os cristãos a manterem viva em seus corações a esperança. “Nunca deixemos que ela se apague nos nossos corações. O ‘dragão’, o mal, faz-se presente na nossa história, mas ele não é o mais forte. Deus é o mais forte, e Deus é a nossa esperança” (Homilia, 24 jul. 2013).
O mistério pascal, fonte de nossa esperança, impele o cristão na busca da santidade e das alegrias eternas. Na ressurreição de Jesus, o discípulo é alimentado por ela, “graças à qual podemos enfrentar o nosso tempo; o presente, ainda que custoso, pode ser vivido e aceito se levar a uma meta e se pudermos dela estar seguros; se esta meta for tão grande que justifique a canseira do caminho” (Spe Salve, 1).
Não podemos nos deixar abater. Todas as vezes que a barca de nossa vida parecer soçobrar (cf. Mt 8, 23-24) é preciso despertar a esperança naquele que venceu a morte, que está sempre conosco e nos faz partícipes de sua missão. Iluminados pela luz da ressurreição, os cristãos devem romper com a psicologia do túmulo e anunciar a alegria do Evangelho, enfrentando os sofrimentos cotidianos. A vida nova recebida no batismo é um particular chamado para iluminar e comunicar vida, sem se deixar agarrar por coisas que só geram escuridão e cansaço interior e corroem o dinamismo apostólico (Evangelii Gaudium, 83).
Os apóstolos, no anúncio do Evangelho, enfrentaram muitos sofrimentos e perseguições. São Paulo, ao enumerar estas adversidades demonstra, ao mesmo tempo, a grandeza da meta que almeja alcançar, declarando que “os sofrimentos do tempo presente não têm proporção com a glória que há de ser revelada em nós” (Rm 8, 18).
O cristão não pode ser pessimista. Precisa olhar a triste realidade da vida presente com o olhar sobrenatural da fé. Enamorado de Cristo e certo de seu amor, o coração do discípulo se inflama de alegria e esperança, contagiando quem estiver ao seu redor. “O discípulo sabe que sem Cristo não há luz, não há esperança, não há amor, não há futuro” (Bento XVI, Discurso inaugural da Conferência de Aparecida,13 mai. 2007).
O testemunho da Igreja nascente declara que, mesmo em meio às contrariedades e limites desta vida terrena, Deus que é sempre bom e fiel nos alcança com seu amor. O exercício da fé é como a contemplação de uma tapeçaria, que ao ser visto por baixo parece um emaranhado de linhas e nós, aparentemente sem sentido algum, mas quando visto do lado correto revela uma harmonia e beleza que extasiam.
Dom Edney Gouvêa Mattoso
A Voz do Pastor
Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.
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