As figuras da Igreja

Caros amigos, os mistérios divinos, muitas vezes complexos, vêm-nos explicados na Sagrada Escritura através de designações: nomes, figuras e imagens. A partir do n. 6, a Constituição Dogmática Lumen Gentium começa a tratar algumas destas figuras referentes à comunidade de salvação fundada por Jesus Cristo e animada pelo Espírito Santo: a Igreja.

Um aspecto importante para entendê-las melhor é que nenhuma delas consegue explicar a totalidade deste "mistério”. Por este motivo, são empregadas imagens diferentes, para que as características de uma completem aspectos que, em outra, não são suficientemente claros.

Algumas figuras são amplamente tratadas no documento, como são as de "Povo de Deus” e "Corpo de Cristo”, outras tantas são somente mencionadas. Vale a pena ler esta parte do texto: "[A Igreja é] o redil, cuja única porta e necessário pastor é Cristo (Jo 10, 1-10). E também o rebanho do qual o próprio Deus predisse que seria o pastor (cfr. Is 40,11; Ez 34,11ss) (...). A agricultura ou o campo de Deus (1Cor 3,9). Nesse campo cresce a oliveira antiga de que os patriarcas foram a raiz santa e na qual se realizou e realizará a reconciliação de judeus e gentios (Rm 11, 13-26). Ela foi plantada pelo celeste agricultor como uma vinha eleita (Mt 21, 33-43; Is 5,1ss) (...).A Igreja é também muitas vezes chamada construção de Deus (1Cor 3, 9)(...): casa de Deus (1Tm 3, 15), na qual habita a Sua ‘família’; habitação de Deus no Espírito (cfr. Ef 2, 19-22); tabernáculo de Deus com os homens (Ap 21, 3); e sobretudo ‘templo’ santo, o qual, representado pelos santuários de pedra e louvado pelos Santos Padres, é com razão comparado, na Liturgia, à cidade santa, a nova Jerusalém. (...)Chamada também de ‘Jerusalém do alto’ e ‘nossa mãe’ (Gl 4,26; cfr. Ap 12, 17), é também descrita como esposa imaculada do Cordeiro imaculado (Ap 19,7; 21, 2.9; 22, 17)” (LG, 6).

A beleza da teologia católica e a firmeza do embasamento bíblico da doutrina sobre o mistério Igreja são surpreendentes!

Na figura da Igreja "Corpo de Cristo”, vislumbramos o mistério da Igreja de um ângulo mais transcendente, como mistério de unidade e comunhão. Pois, Nosso Senhor, "ao comunicar o Seu Espírito, fez de todos os Seus irmãos, reunidos de todos os povos, misticamente os componentes de Seu próprio Corpo” (LG, 7). Um corpo, onde cada membro tem sua função, em ajuda mútua, partilhando a mesma vida, sob uma só cabeça, que é Cristo... que todos sejamos cada vez mais unidos neste corpo, de onde nos vem a Vida divina!