Aos umbrais da misericórdia

Caros amigos, o Ano Santo é um tempo especialíssimo de graça que nos convida instantemente à penitência e à conversão, fazendo eco daquela primeira pregação de Jesus: “Completou-se o tempo, e o reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede na Boa-Nova” (Mc 1,15).

Estas primeiríssimas palavras de Jesus não podem cair nos corações como se fossem uma cobrança a mais no exigente ambiente de nossa sociedade pós-moderna. Jesus não se esmera em impor regras e abre portas para que todos possam passar por elas.

Assim ensinava o santo padre, o papa Francisco, antes mesmo de abrir as Portas da Misericórdia: “Diante de nós está a porta, mas não somente a porta santa, outra: a grande porta da misericórdia de Deus – e essa é uma porta bela! –, que acolhe o nosso arrependimento oferecendo a graça do seu perdão. A porta é generosamente aberta, é preciso um pouco de coragem da nossa parte para cruzar o limiar. Cada um de nós tem dentro de si coisas que pesam. Todos somos pecadores! Aproveitemos esse momento que vem e cruzemos o limiar dessa misericórdia de Deus que nunca se cansa de perdoar, nunca se cansa de nos esperar! Ele nos olha, está sempre próximo a nós. Coragem! Entremos por essa porta!”. (18/11/2015)

O mistério da penitência e da conversão, portanto, se ilumina quando o fiel percebe que Cristo é a porta e o caminho (Cfr. Jo 10, 7 e 14, 6). Não podemos ver Nosso Senhor, e nem fazer com que os outros o vejam, como um muro intransponível ou uma exigente barreira de fiscalização, pois ele nos disse: “Vinde a mim, todos vós que estais cansados e carregados de fardos, e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e sede discípulos meus, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vós. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”. (Mt 11, 28-30)

No último domingo, 13, todas as Dioceses do mundo, com exceção de Roma, celebraram com emoção o fechamento da Porta Santa, concluindo as celebrações do jubileu nas igrejas particulares. No próximo domingo, 20, o santo padre fechará também a Porta Santa na Basílica de São Pedro, no Vaticano.

Estes símbolos que tanto nos ajudaram a rezar e a viver o tema da misericórdia ficarão para sempre em nossa memória. Entretanto, é bom lembrar que não se fecham nunca as portas do coração de Deus, delas sempre podemos nos aproximar com confiança. Este foi o grande legado do Ano da Misericórdia.