Ano da fé: participação plena, consciente e ativa da Sagrada Liturgia

terça-feira, 14 de maio de 2013

Caros amigos, motivados pelo Ano da Fé, continuamos a reflexão sobre a Constituição Sacrosanctum Concilium, do Concílio Vaticano II.

O Santo Padre, o papa Paulo VI, na conclusão da segunda sessão do Concílio, quando promulgou o supracitado documento, falou-nos do desejo de tornar a liturgia "mais pura, mais genuína, mais próxima das suas fontes de verdade e de graça, mais capaz de se tornar patrimônio espiritual do povo”. (04.XII.1963). De fato, anteriormente ocorria uma bipartição na celebração: enquanto o sacerdote rezava a riqueza litúrgica que se encerrava no missal com um pequeno ajudante que repetia "et cum spiritu tuo”, o povo recitava orações com seus manuais e rosários, que tentavam traduzir a riqueza litúrgica em orações mais sentimentais, mais próximas ao seu coração.

O Concílio, entretanto, levantando a bandeira da "plena, consciente e ativa participação nas celebrações litúrgicas que a própria natureza da Liturgia exige e que é, por força do Batismo, um direito e um dever do povo cristão” (SC 14), propôs uma liturgia unificada, "para permitir ao povo cristão um acesso mais seguro à abundância de graça que a Liturgia contém” (SC 21). As mudanças foram importantes, contudo, não pensemos que nosso esforço deve estacar no resgate da simplicidade inicial dos ritos, sem tantos adjuntos de épocas posteriores, ou no uso da língua vernácula nos textos.

O nosso Papa Emérito, Bento XVI apontou algo interessante a respeito. Disse: "Só uma formação permanente do coração e da mente pode realmente criar inteligibilidade e uma participação que é mais do que uma atividade exterior, que é uma entrada da pessoa, do seu ser na comunhão da Igreja e, deste modo, na comunhão com Cristo” (Discurso, 14.II.2013). De fato, o documento dedicará sete números (nn. 14-20) ao incentivo da formação litúrgica: para aos bispos, para os professores de liturgia, para os seminários, para o clero e para os fiéis em geral.

A resposta mais fácil é, sem dúvida, a simplificação ou mera "criatividade litúrgica” que subjuga o rito aos próprios critérios subjetivos, entretanto o propósito do Concílio é mais ambicioso, honesto e, também por isto, mais exigente. "É preciso estabelecer sobre o fundamento sólido da Revelação e do magistério apostólico (a Sagrada Liturgia), para conduzir ao bem das almas, com aquela amplidão de vistas que nada quer ter de comum com a facilidade e a precipitação que dominam às vezes as relações dos simples homens entre si” (Paulo VI, 08.XII.1962). Pensemos nisto!

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Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

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