Ano da Fé: liturgia e beleza

terça-feira, 18 de junho de 2013

Caros amigos, a história é testemunha de que o espírito humano é capaz de obras magníficas, elevadas, belas. Coisas que transcendem a cultura e os costumes de um lugar e se abrem à admiração do mundo inteiro. A beleza manifestada na arte é de algum modo reflexo da beleza da criação, que remete diretamente a Deus. E a religião sempre foi lugar de manifestação deste "sublime”, que o homem pôde confeccionar e admirar.

Os últimos parágrafos da Sacrosanctum Concilium, documento que temos estudado nas últimas semanas, trata da Música Sacra (nn. 112-121) e da Arte Sacra (nn. 122-130). E, neste ponto, o Concílio é ao mesmo tempo equilibrado e claro em suas posições. Pois, ao passo que reconhece a legitimidade das expressões artísticas de todos os tempos (Cfr. SC, 123), incluído o hodierno, sabe que nem toda arte é apropriada ao sagrado, mas somente "as que são de acordo com a fé, a piedade e as orientações veneráveis da tradição e que melhor poderão servir ao culto” (SC, 122); também, do mesmo modo que ordena a promoção do "canto popular religioso” (n. 118), reconhece "como canto próprio da liturgia romana o canto gregoriano” (n. 116) e como instrumento a ser mais apreciado o "órgão” (n. 120).

Amigos, nosso equilíbrio nesta matéria é de suma importância, pois sem ele corremos o risco, ou de perder o tesouro de inestimável valor da tradição artística da Igreja, ou de fechar-nos ao novo e igualmente deixar escapar todas as belas e dignas expressões contemporâneas.

Por falta deste equilíbrio, vemos com tristeza a ruptura de uma "corrente” de transmissão da cultura, da arte... e da fé, que antes acontecia quase que naturalmente na sociedade ocidental por meio da Igreja. Parece que a maioria dos católicos relegou toda a riqueza de nossos dois mil anos de vida eclesial aos armários dos colecionadores e de pesquisadores mais especializados. Entretanto, a Igreja que expressa a fé, também deve conservá-la e transmiti-la, não só pela palavra e pelos sacramentos, mas também pelas expressões artísticas, que tão grata entrada tem nas diferentes culturas do mundo, e são como que uma herança de tantos fiéis que, dotados de espírito artístico, doaram à posteridade seus melhores frutos.

A força expressiva da arte é inegável, até os ditadores e totalitários a temiam e procuravam destruí-la, como meio primeiro de sua dominação sobre os povos! Que aprendamos a usá-la também para a glória de Deus e a evangelização de nossos tempos.


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Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

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