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A paz é fruto da justiça - 28 de dezembro.
Caros leitores, na Roma antiga, na aurora do cristianismo, os fiéis eram perseguidos pelo povo raso por causa de inúmeros boatos. Acusavam os cristãos de antropofagia, sectarismo, infanticídios, proliferação de doenças, conjuro da ira divina. E por estes motivos foram barbaramente assassinados, dando origem ao martirológio, que não para de aumentar suas páginas. Tais atrocidades sempre foram justificadas pelo atraso cultural das sociedades que as promoviam.
Nosso olhar se detém com preocupação quando sabemos que o ano que termina foi, mais uma vez, marcado por uma grande violência contra os cristãos do mundo inteiro. Ainda que pouco se escute, nos meios de comunicação atuais, semelhantes notícias.
Como exemplo citamos o de Bagdá, capital do Iraque:
A comunidade cristã existe em Bagdá há 2 mil anos. No final do mês de outubro passado, a catedral católica de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro foi atacada por radicais islâmicos que deixaram 58 mortos. Onze dias mais tarde, alguns sunitas ligados a Al-Qaeda assumiram a autoria de outros 12 ataques às comunidades cristãs desta cidade, aumentando as contas para mais 5 mortos e 30 feridos, com o que queriam obrigar os mais de 400 mil seguidores de Cristo presentes na área a sair o mais rápido possível.
Não estamos falando da tentativa de expulsão de estrangeiros recém chegados ao país, falamos de famílias com tradições locais de 2 mil anos! Que passaram por todas as adversidades históricas daquele lugar e que resistem e continuarão resistindo bravamente, a pesar das forças contrárias.
Minha intenção em divulgar estes episódios não é a de provocar a revolta, como fizeram os membros da Al-Qaeda ao divulgar falsas notícias sobre mulheres islâmicas aprisionadas por cristãos em Alexandria, no Egito.
O fato é que notícias como esta constantemente se repetem nos países do Oriente Médio, na Coreia do Sul, na China, nos países islâmicos da Oceania e do Norte da África. Não esqueçamos esta realidade em nossas orações.
Quando o cristianismo é a religião dominante podemos nos esquecer de que sustentar as cruzes uns dos outros faz parte de nossa vocação divina, é partilhar do sofrimento redentor de Cristo. E neste engano podemos perder nosso caminho perseguindo-nos uns aos outros... Que Deus nos ensine o caminho da unidade e da paz, fruto da justiça que promove o amor e semeia nos corações sentimentos de comunhão e de solidariedade. Aí verdadeiramente poderemos falar da tão sonhada paz.

Dom Edney Gouvêa Mattoso
A Voz do Pastor
Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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