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A liberdade dos filhos de Deus - 10 de maio 2011
Meus amigos, vivendo o tempo pascoal, no qual experimentamos pela liturgia as aparições do Ressuscitado aos apóstolos e pedimos o dom do Espírito Santo que celebraremos em Pentecostes, gostaria de tratar nesta meditação um tema que sempre inquietou nossa civilização: a liberdade.
Deus ao criar o homem lhe conferiu a dignidade de pessoa, dotada de inteligência e vontade, e o fez para que pudesse livremente procurar o seu Criador e, aderindo a Ele, chegar à plena e feliz perfeição. Assim, a liberdade é “uma força de crescimento e amadurecimento na verdade e na bondade” (Catecismo, 1731), que está de tal modo impressa no coração humano, que esta vem sendo sua bandeira histórica.
Desde os antigos filósofos até o movimento moderno de libertação, o homem pretende superar as amarras exteriores que o impedem de ser livre. Trazer ao homem a liberdade interior, sob a forma de liberdade de pensar e de querer através da superação da superstição, foi o grande objetivo da modernidade.
Entretanto, constatamos que quer se trate da conquista da natureza, da vida social e política ou do domínio do homem sobre ele mesmo, em plano individual e coletivo, não somente os progressos realizados estão longe de corresponder às ambições iniciais, mas também novas ameaças, novas servidões e novos terrores surgiram à medida que se ampliava o movimento moderno de libertação. Este é um sinal de que graves ambiguidades acerca do sentido mesmo da liberdade, já desde a sua origem, corroíam por dentro tal movimento, ao mesmo tempo em que não se atentava para o sentido profundo das palavras do Senhor: “A verdade vos fará livres” (Jo 8, 32).
Cristo realizou a nossa redenção por sua cruz e ressurreição: esta é a liberdade em seu sentido pleno, já que nos libertou do mal mais radical, isto é, do pecado e do poder da morte. Porém, enquanto o homem não se tiver fixado definitivamente em seu bem último, que é Deus, a liberdade terá a possibilidade de escolher entre o bem o mal e, portanto, de crescer em perfeição ou definhar e pecar.
É penoso constatar que ainda faltam condições de ordem econômica, social, política e cultural que tornem possível o pleno exercício da liberdade, porém também é dramático o erro de se pretender um progresso da liberdade que não passe por uma profunda conversão individual e das estruturas sociais. É a partir de um redirecionamento responsável de toda nossa existência a Cristo, que acontecerão as mudanças que o mundo precisa. Esta é a verdadeira liberdade que devemos perseguir.
Dom Edney Gouvêa Mattoso
A Voz do Pastor
Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.
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