A Igreja peregrina: visível e invisível

terça-feira, 01 de outubro de 2013

Caros amigos, falando sobre Igreja no esquema dos ensinamentos do Concílio Vaticano II, vimos, no último artigo, as "figuras” da Igreja contidas na Sagrada Escritura. São Paulo, por exemplo, chama a Igreja de "Corpo de Cristo”. Partindo desta última figura, entrevemos um aspecto importante do mistério que estudamos: o fato de a Igreja ser, ao mesmo tempo, por um lado, uma sociedade visível, e por outro, uma realidade invisível, espiritual.

Não se pode falar de duas "partes” da Igreja, mas de uma única Igreja que existe simultaneamente de modo visível e invisível, "uma só realidade complexa em que se funde o elemento divino e o humano. Como uma grande analogia com o mistério do Verbo encarnado” (LG, 8). Daí a necessidade de professarmos nossa fé na Igreja, como o fazemos no "Credo”.

Em tal profissão de fé, que continuamente renovamos, a Igreja é confessada como ação salvadora de Deus. Assim o explica o Catecismo: "Crer que a Igreja é ‘santa’ e ‘católica’ e que ela é ‘una’ e ‘apostólica’ é inseparável da fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo. No símbolo dos apóstolos, fazemos a profissão de crer em uma Igreja Santa, e não na Igreja, para não confundir Deus com suas obras e para atribuir claramente à bondade de Deus todos os dons que Ele pôs em sua Igreja” (n. 750).

Assim, por seus dons divinos, a Igreja é santa; porém acolhe em seu seio os pecadores.

É interessante a comparação que o Concílio faz entre Cristo e sua Igreja, não obstante a contradição do pecado: "Assim como Cristo consumou a obra da redenção na pobreza e na perseguição, assim a Igreja é chamada a seguir o mesmo caminho, a fim de comunicar aos homens os frutos da salvação. (...) Mas enquanto Cristo, ‘santo, inocente, imaculado’ (Hb 7,26), não conheceu o pecado (cfr. 2Cor 5,21), mas veio para expiar apenas os pecados do povo (cfr. Hb 2,17), a Igreja, reunindo em seu próprio seio os pecadores, ao mesmo tempo santa e sempre necessitada de purificar-se, busca sem cessar a penitência e a renovação” (n. 8).

E continua: "Entre as perseguições do mundo e as consolações de Deus, avança, peregrina, a Igreja, anunciando a cruz e a morte do Senhor, até que ele venha. Mas é fortalecida pela força do Senhor ressuscitado, a fim de vencer, pela paciência e pela caridade, suas aflições e dificuldades, tanto internas quando externas, para poder revelar ao mundo o mistério d’Ele, embora entre sombras, porém com fidelidade, até que no fim seja manifestado em plena luz” (n.8).


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Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

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