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A coragem de um pastor
terça-feira, 19 de fevereiro de 2013
Na Igreja, quis Nosso Senhor, que a fé fosse resguardada pela solicitude de pastores: os bispos, sucessores dos apóstolos (cfr. Catecismo, 861). No Evangelho, o próprio Jesus é o que se denomina “o Bom Pastor” (Jo 10,11), ao que todos os pastores da Igreja devem se assemelhar, apascentando o rebanho em seu Nome e com amor (cfr. Jo 21,15-19) até que todos “escutem sua voz e haja um só rebanho e um só pastor” (Jo 10, 16). Assim, à semelhança de Jesus, o ministério de apascentar o rebanho deve conjugar amor e coragem, mansidão e humildade.
No dia 11 de fevereiro passado, o Santo Padre, o Papa Bento XVI, a quem foi confiado ministério de “Vigário de Cristo e Pastor de toda a Igreja”, leu sua renúncia. Todos ficamos surpresos. Certamente em todo orbe católico vimo-nos um pouco órfãos, pois nos sentíamos seguros por seu riquíssimo ministério e presença paterna. As emoções e a inteligência ficaram atônitas por um tempo—o próprio cardeal Angelo Sodano, decano do Colégio Cardinalício, qualificou o anúncio do Papa como “um trovão em céu sereno”, algo inesperado—entretanto, para os homens e mulheres de fé a conclusão diante do fato só pode ser uma: Bento XVI mais uma vez nos surpreende por sua clareza de ideias e seu profundo amor à Igreja.
No anúncio de sua renúncia, o Santo Padre, o papa Bento XVI, demonstrou que entendeu bem o que nos ensinou Nosso Senhor Jesus Cristo: que, para o Reino de Deus, poder e autoridade são sinônimos de serviço; e ao perceber que suas capacidades naturais decaiam por causa da idade, elegeu este caminho audaz e de coragem. Com seu desapego, o Santo Padre deixa-nos o exemplo de um projeto de vida: “Ser um simples e humilde trabalhador na vinha do Senhor”. (Primeira saudação do Sumo Pontífice, 2005.)
Agora, cabe-nos um ato de fé e a oração constante pela Igreja de Cristo. Termino esta Voz do Pastor com algumas palavras que o Santo Padre disse poucos dias antes de sua renúncia: “A árvore da Igreja não é uma árvore moribunda, mas é uma árvore que cresce sempre de novo. (...) A Igreja se renova sempre, renasce sempre. (…) Devemos estar seguros. Ao mesmo tempo em que, aqui e ali, a Igreja morre por causa dos pecados dos homens, por sua incredulidade, ao mesmo tempo ela nasce de novo. O futuro a Deus pertence. Esta é a grande certeza de nossa vida, o grande e verdadeiro otimismo que conhecemos. A Igreja é a árvore de Deus que vive eternamente e que leva em si a eternidade e a verdadeira herança: a vida eterna”. (Visita ao Seminário Maior de Roma, 08/02/2013.)
Dom Edney Gouvêa Mattoso
A Voz do Pastor
Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.
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