27 de dezembro de 2011—Reconciliação, justiça e paz - 27 de dezembro 2011

Caros amigos, em março de 2009 o Santo Padre Bento XVI visitou pela primeira vez o continente africano, em outubro do mesmo ano, em Roma, foi celebrada a Segunda Assembleia Especial para a África, do Sínodo dos Bispos, e no mês de novembro deste ano, em visita ao Benin, o Papa Bento XVI entregou oficialmente a Exortação Apostólica “Africae múnus” (o serviço da África), ao povo africano e a todos os cristãos.

Assim começa o texto: “O serviço da África ao Senhor Jesus Cristo é um tesouro precioso”. Chama a atenção este princípio porque o enfoque habitual para as complexas questões deste “continente da esperança” versa sobre o que poderíamos aportar em sua ajuda. O Santo Padre, entretanto, sem deixar de mencionar a importante cooperação entre os países e entre os cristãos, quis começar pela necessidade urgente que os próprios africanos têm de aprofundar sua vocação em Cristo.

O fruto da primeira Assembleia Especial para África de 1994, presidida pelo Beato João Paulo II, e cujos resultados foram compendiados na Exortação “Ecclesia in Africa” (A Igreja na África), foram os de uma vitalidade eclesial excepcional e do desenvolvimento teológico da Igreja como Família de Deus. Agora o Santo Padre pede a Deus e aos povos da África uma “fé que age pelo amor” (Gl 5, 6) e frutos de amor: reconciliação, justiça e paz (cfr. I Cor 13, 4-7).

Para que possa crescer um povo segundo Deus é necessária uma sólida base na justiça e na reconciliação, que produzem frutos de paz duradoura. Em meio a guerras fratricidas, corrupção e falta de liberdade civil e religiosa o Evangelho é lugar de testemunho da verdade e motor de transformação, a partir da fidelidade e do trabalho dos cristãos.

Impressiona a clareza do Pontífice: “A construção duma ordem social justa compete, sem dúvida, à esfera política. Entretanto, uma das tarefas da Igreja na África é formar consciências retas e sensíveis às exigências da justiça, para que maturem mulheres e homens solícitos e capazes de realizar esta ordem social justa com a sua conduta responsável. O modelo por excelência, a partir do qual a Igreja pensa e raciocina e que propõe a todos, é Cristo” (AM, 22).

Poderíamos, sem sombra de dúvida, meditar os mesmos conselhos. Ondas de injustiça, ódio e falta de reconciliação também passam por nosso país, a começar pelas mais elementares relações pessoais, e chegam até esferas mais altas. Não poderíamos, então, aplicar-nos a mesma exortação feita à África, para que nosso país cresça no modelo de Cristo?