200 anos de história

terça-feira, 15 de maio de 2018

Caros amigos, nesta semana celebraremos o bicentenário da cidade de Nova Friburgo. Quis a divina providência que as comemorações acontecessem na semana em preparação para o Pentecostes, a grande festa do Espírito Santo, aquele que tem a missão de ensinar todas as coisas e recordar tudo o que foi dito da parte do Pai (cf. Jo 14,26).

É o Espírito do Senhor que enriquece e faz frutificar toda ação humana, inclusive a de celebrar. Ele nos faz olhar para o que passou e ver que, tanto nos momentos felizes quanto nos tristes, Deus se faz presente com seu amor e misericórdia.

Limitar a alegria de toda uma vida somente ao momento presente é enganar-se. A vida não se encerra no agora, ela é uma construção, uma sucessão de instantes que tecem a história pessoal e comunitária. O anseio pela alegria inscrito no coração humano, neste mundo “é contrastada .

O valor e a fortaleza dos imigrantes suíços, alemães, italianos dentre outros, está inscrito na gênese do povo friburguense. A eles todo nosso reconhecimento e o júbilo, porque essas famílias no ideal de fundar uma comunidade, enfrentaram todo o tipo de dificuldades nas longas viagens de navios para aqui se estabelecerem.

Neste sentido, celebrar é mais que exaltar os momentos felizes da vida, é recordar também as dores e as vitórias, na certeza de que Deus, Senhor e Mestre da História (cf. Catecismo §269; 304; 450) sempre manifesta sabiamente todos os seus prodígios, mesmo que oculto à percepção humana. A razão para celebrar, mesmo em situações conflitantes, advém da certeza de que “a história presente não permanece fechada em si mesma, mas está aberta para o Reino de Deus” (Sollicitudo rei socialis, 47).

A celebração dos 200 anos de fundação de Nova Friburgo, deve ser vivida nesta dinâmica. A história da única cidade do Brasil criada por um decreto real, traz consigo fatos marcantes que se contabilizam entre momentos difíceis e felizes, mas o que dá significado ao júbilo da comemoração é, sem dúvida alguma, o povo que aqui reside e sua capacidade de superação.

Dentre tantos fatos que poderiam ser mencionados, alcança valor de destaque na história recente da cidade a tragédia climática ocorrida em janeiro de 2011. Contudo, o relevo deste fato não se dá pelo horror vivido naqueles dias, nem pela tristeza de tantas vidas perdidas em meio aos escombros, mas pela atitude solidária dos friburguenses superando inclusive perdas familiares para socorrer os que sobreviveram.

Todos se uniram na esperança de reconstruir não apenas a cidade e as casas, mas principalmente os corações. Muitos abriram mão do pouco que lhes restou para partilhar com quem havia perdido até a razão de continuar a viver. As diferenças foram superadas e independente de credos e posição social todos se abraçaram na certeza de que somos irmãos.

É verdade que ainda há muito o que fazer em diversos campos do exercício do bem comum. Porém, não se pode perder de vista que a reconstrução da cidade e a superação das dificuldades são compromissos de todos. Façamos nossa parte! E sem se esquecer a história, de tudo o que foi construído no passado, celebremos o presente afim de construirmos um futuro de verdade, justiça e paz para todos.

Parabéns à cidade de Nova Friburgo! Parabéns a todos os friburguenses que construíram e continuam a construir a história desta terra, desta gente! Deus vos abençoe!

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Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

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