Você pode estar no grupo de risco sem saber

terça-feira, 25 de março de 2014

Recebendo no consultório uma paciente de muitos anos, notei em sua ficha pessoal de atendimentos que a mesma estava há mais de quatro anos sem realizar seus exames de rotina. Perguntei o que havia acontecido, já que ela era muito cuidadosa com sua saúde e sempre comparecia no início de cada ano. Com uma expressão de tristeza, ela me respondeu que seu marido havia falecido há seis meses, depois de dolorosa luta contra um câncer no estômago. Por esta razão, ela estava há tanto tempo sem se cuidar. Ficara estes últimos anos ao lado do companheiro de uma vida, cuidando de diminuir ao máximo seu sofrimento e tentando dar a ele toda a atenção possível. Contou também que estava fazendo um tratamento para depressão, doença que a perseguia desde que soube do diagnóstico do câncer do esposo. Disse que o médico oncologista a chamou reservadamente e informou que o câncer do marido estava num estágio em que não tinha mais cura, e que o melhor que a medicina poderia fazer por ele era dar-lhe um pouco mais de tempo de vida e diminuir seu sofrimento. E assim foi feito, até que a morte o levou. Contou como foi tudo, desde o início, da descoberta da doença, da cirurgia e do tratamento. Depois do câncer de próstata e da pele, é o mais comum dos tipos de câncer entre os homens. Infelizmente, como os outros tipos da doença, não dá nenhum sinal na sua fase inicial, impedindo que a pessoa possa se defender, já que, no início, assim como todas as outras formas de câncer, a possibilidade de cura é grande. Quase sempre é descoberto nas fases mais adiantadas, quando já se espalhou por outros órgãos e tornando-se incurável, mesmo com a retirada de todo o estômago e com a quimioterapia e radioterapia.

A incidência maior ocorre por volta dos sessenta e cinco aos setenta anos. Quem tem casos desta doença na família deve tomar um grande cuidado, pois as estatísticas mostram que a doença se repete nos parentes mais próximos, como irmãos. Quase sempre os primeiros sintomas são de azia, ardência na altura do estômago, má digestão e outros. Um conselho dos especialistas é de que aqueles que sofram com frequência destes sintomas busquem uma consulta com um gastroenterologista para afastar o risco da doença. O exame definitivo se chama endoscopia, quando um fino tubo acoplado a uma minicâmera de vídeo é introduzido pela boca e vai até o interior do estômago, permitindo ao especialista uma visão completa. O exame é rápido e indolor, pois pode ser feito sob anestesia geral ou uma sedação. Na verdade, atualmente este é o único exame que dá o diagnóstico inicial, o que permite um tratamento precoce, que poderá salvar uma vida. Segundo minha paciente me relatou, seu marido relutou muito tempo em fazer este exame, ficou tomando por conta própria remédios para azia e má digestão, perdendo um tempo precioso que lhe custou a vida. Se você sofre destes problemas digestivos, se come muito churrasco, salgado, se fuma e faz uso de bebidas alcoólicas, tome cuidado, pois você faz parte do grupo de risco.

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Dr. Norberto Louback Rocha

Dr. Norberto Louback Rocha

A Saúde da Mulher

O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.

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