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Uma doença oculta e desastrosa! - 3 de maio 2011
Desde tempos muito distantes, as cólicas e dores na barriga sempre foram aceitas como alguma coisa normal e comum na vida das jovens mulheres.
As histórias que se contavam para as mocinhas que começavam a menstruar eram muito parecidas, pois relatavam que as avós ou tias, e até mesmo as próprias mães, eram frequentemente vítimas daquelas dores menstruais.
E, por longos anos, o sofrimento feminino naquelas circunstâncias sempre foi tido como um acontecimento natural, próprio da condição feminina.
Remédios para as dores, repouso, bolsas com água quente, comidas leves, e até mesmo simpatias, principalmente no meio rural e entre as populações menos esclarecidas, faziam parte do arsenal usado para minorar o sofrimento daquelas mulheres.
Apesar de tudo isto, estes acontecimentos eram tidos como coisa comum e natural.
Ainda hoje, em muitos lugares as coisas continuam sendo vistas desta forma.
Na relação de códigos de doenças utilizados pelos médicos, quando precisam fornecer atestados para justificar faltas ao trabalho, muito frequentes entre estas mulheres, sempre no período das menstruações, existe um especifico para designar regras muito dolorosas.
Tanto isto é verdadeiro que um grande número dessas pessoas vai parar nas emergências dos hospitais, naqueles dias, onde são então tratadas com soro venoso e injeções de fortes analgésicos. Muitas apresentam também quadro de vômitos causados pela dor intensa.
São dias e dias de sofrimento que se repetem todos os meses, além das faltas ao serviço e às aulas, o que ocasiona perda de emprego e reprovações na escola.
Entre as jovens que já iniciaram sua vida sexual, um grande obstáculo ao seu relacionamento também surge, por causa da dor.
Muitas delas relatam uma dor tão forte durante as relações, que preferem evitar as mesmas, o que sempre leva ao fim dos relacionamentos e trás mais infelicidade e decepção para suas vidas.
Mesmo com os grandes avanços da medicina, muitos médicos, pouco informados nesta matéria, ainda orientam e conduzem de forma errada o tratamento deste quadro doloroso.
Este erro pode levar infelizmente ao agravamento da situação, com severas consequências para o futuro reprodutivo e também da vida pessoal da jovem mulher.
Uma doença grave, um tipo de câncer benigno, se podemos falar assim, é como definia esta enfermidade um jovem e valoroso colega ginecologista, durante uma jornada médica.
Falávamos da endometriose.
Uma doença que caminha oculta, por trás das dores e cólicas menstruais. Na maioria das vezes não dá sinais que possam ser vistos, seja pela ultrassonografia ou por outros métodos refinados de exames por imagem.
E nesta marcha segue em sua caminhada destrutiva. Um exame, que só deve ser realizado em hospital, sob anestesia geral, rápido e com baixos riscos quando feito por equipe experiente, consegue, quase sempre, dar um diagnóstico preciso, é a vídeolaparoscopia. Ou seja, consiste na introdução de uma pequena câmera de TV dentro da barriga, através de um furo de 1 cm, feito na região do umbigo.
O procedimento é rápido, a pessoa permanece no hospital por algumas horas e depois volta para sua casa. Este exame pode significar a diferença entre uma vida saudável e normal, ou um verdadeiro desastre na existência feminina, como impossibilidade de ter filhos e até mesmo de perdas de partes dos intestinos e lesões da bexiga.
Dr. Norberto Louback Rocha
A Saúde da Mulher
O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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