Uma dívida com as crianças que virão!

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Estamos provando na própria pele o mal que fazemos diariamente à natureza.

Da cidade que era rodeada pelo verde das matas e refúgio confortável dos turistas, chamados naquela época de veranistas, restou pouco.

A necessidade de conseguir espaço para novas moradias, loteamentos e condomínios foi pouco a pouco afastando de nós a natureza.

Como dizia outro dia um cidadão que conheceu o Rio Bengalas nos tempos em que as águas eram mais limpas e ainda nadavam nele os últimos peixes, éramos felizes e não sabíamos.

O chamado progresso tem seu preço, assim como o crescimento das cidades de forma não organizada. Ninguém vive de forma saudável sem respeitar o meio ambiente.

Como escrevi no início da coluna, estamos colhendo o que semeamos. O ar que respiramos hoje e que nos queima as narinas e arde nos olhos já foi muito melhor.

O calor que enfrentamos em pleno inverno era impensável anos atrás. Ar condicionado era coisa dos cariocas e da baixada fluminense. Hoje tudo isto também é coisa da Região Serrana e esta aqui diante dos nossos olhos, tornando cinzas os dias da nossa terra.

Comparando antigas fotografias da cidade, tiradas na década de 40, com a atual paisagem, fica muito evidente o estrago que causamos.

É preciso contudo que entendamos que naqueles tempos, cercados de uma fartura de áreas verdes e sem a consciência ecológica dos dias de hoje, ninguém pensava que tudo aquilo poderia acabar um dia. Por isto não havia a mínima preocupação em conservar o que existia.

A agressão ao nosso ambiente com os desmatamentos que fizeram secar as nascentes e os córregos, roubou do ar a umidade. Onde foi parar a nossa cerração, que dava um toque de fantasia às nossas manhãs? Com certeza ela foi embora junto com as àrvores que derrubaram por anos e anos.

Fica difícil para a nossa juventude entender do que falo aqui, pois eles não conheceram aqueles tempos.

A maioria deles não teve o prazer de sair de casa bem cedo e dar de cara com aquela neblina gelada, que não deixava a gente enxergar mais do que alguns metros adiante do nariz.

Ganhamos novas e grandes lojas, sorvetes e sanduíches de dar água na boca. Escolas de nível superior de ótima qualidade. Nossa população cresceu muito além do imaginável, novos estabelecimentos bancários aqui se estabeleceram. A frota de carros e caminhões, que em 1940 mal chegava a 900 unidades, hoje atinge os 80 mil veículos, para as mesmas e velhas ruas.

Mas, apesar disto tudo, perdemos muito da nossa qualidade de vida. Não podemos perder tempo com discussões sem sentido. Recuperar a natureza destruída é um compromisso de todos nós! É uma dívida que temos com as crianças que virão!

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Dr. Norberto Louback Rocha

Dr. Norberto Louback Rocha

A Saúde da Mulher

O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.

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