Colunas
Uma decisão difícil
Uma decisão difícil de ser tomada. Assim dizem os casais quando precisam se definir diante do problema que surge quando a mulher não pode mais tomar anticoncepcionais. Por diversas razões, muitas mulheres ficam impedidas de continuar usando estes medicamentos. Entre elas, estão doenças como diabetes, pressão alta, varizes, risco de trombose e pacientes com casos de doença maligna da mama na família, principalmente mãe ou irmã. Muitas, ainda, desistem de tomar a pílula por se sentirem mal quando o fazem. São enjoos e dor de cabeça, além de dor de estômago. O medo de uma gravidez não desejada faz com que muitas rejeitem o uso do preservativo pelo companheiro, método que acham pouco seguro. Surge então o dilema: o que fazer? Cabe ao ginecologista orientar o casal. No caso daqueles que ainda não têm filhos, o uso do preservativo pode ser recomendado, desde que o homem saiba como utilizá-lo com segurança, seguindo a orientação do fabricante. Nos casos em que ocorra o rompimento do mesmo e a mulher se encontre no período fértil, ainda resta a possibilidade de se lançar mão da pílula do dia seguinte. O DIU, um pequeno dispositivo que é introduzido dentro do útero por um ginecologista treinado, pode ser uma excelente possibilidade. Este dispositivo também é encontrado sem a presença do cobre, que é substituído por um hormônio agregado ao plástico. Este tipo de DIU é muito útil, principalmente para aquelas que apresentam menstruações exageradas com grande perda de sangue, pois além de evitar a gravidez com muita segurança, ele suspende a perda de sangue, ficando a mulher sem menstruar por um período de cinco anos. Deve-se ressalvar que este DIU com hormônio não é indicado para aquelas mulheres que não podem fazer uso desta substância. Em relação aos casais que já tenham o número de filhos que consideram adequado, pode-se pensar nos métodos considerados definitivos: a ligadura das trompas e a vasectomia. Neste caso, é preciso que se tenha uma boa conversa com o casal, para que fique bem claro que estes métodos não podem ser desfeitos. De forma geral, são para o resto da vida. Devemos informar ao casal que o arrependimento depois destas operações atinge a 20% dos casos. Estas pessoas que se arrependem são aquelas que perdem o companheiro ou companheira por morte ou separação e desejam formar uma nova família. Uma outra razão é a perda de um dos filhos por doença ou acidente. Em relação à ligadura das trompas, a prática diária do ginecologista mostra que a mesma pode trazer muitos incômodos para a mulher. Muitas se queixam de que suas menstruações aumentaram muito na quantidade de sangue perdido, o que prejudica sua saúde e seu dia a dia. Outras reclamam que engordaram muito. Estes fatos ainda não foram devidamente comprovados pela ciência médica, tanto que professores de medicina não aceitam que uma coisa cause a outra. Como eu disse no início da coluna, é uma decisão difícil para o casal. Quase sempre quem toma a iniciativa é a mulher. Muito mais generosa e decidida que o homem, ela solicita ao ginecologista que faça a ligadura das suas trompas. A vida mostra que é muito menos agressivo e prejudicial que o homem tome a iniciativa de se deixar esterilizar. Os efeitos prejudiciais são raríssimos e causam menos problemas que os da ligadura das trompas.
Dr. Norberto Louback Rocha
A Saúde da Mulher
O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
Deixe o seu comentário