Uma crise de pânico

segunda-feira, 08 de setembro de 2014

Num certo dia da semana, uma professora de quarenta anos de idade, com uma família bem constituída, respeitada por seus colegas de profissão e por seus alunos, é acometida por uma sensação muito forte de mal-estar, sofre uma espécie de tonteira e não consegue sair de sua casa para o trabalho. Sua boca fica seca e sente o coração disparar. Alguém da casa liga para o colégio e avisa que ela esta passando mal e que não poderá ir trabalhar. 

Estava começando naquele dia uma mudança na vida daquela mulher, que a levaria a permanecer afastada de sua atividade por mais de um ano. Depois de ser atendida por um clínico geral conhecido da família, o mesmo recomendou que ela procurasse um psiquiatra e explicou para os familiares que acreditava que ela estava sofrendo uma crise de pânico, uma doença que causava um grande sofrimento para os que dela eram acometidos e também para sua família. Marcada a consulta com um especialista, ela iniciou um longo tratamento, que utilizava remédios para o sistema nervoso e também sessões de psicoterapia. Segundo as estatísticas, em torno de quatro por cento da população sofre desta forma de doença. Os tratamentos são longos e difíceis, a pessoa fica impedida de exercer sua atividade de trabalho e normalmente permanece em sua casa, evitando o contato social e até mesmo com os parentes. Sair para a rua se torna uma tarefa gigantesca e a maioria dos doentes evita ao máximo. Segundo os médicos especialistas, muitos dos acometidos pela doença nunca mais se recuperam plenamente. Mesmo com os melhores tratamentos e fazendo uso dos remédios adequados, uma parte destas pessoas muda seu comportamento e seu modo de ser. Até mesmo os que eram muito alegres e sociáveis podem se tornar pessoas reclusas, que passam a evitar os contatos sociais. Alguns, inclusive, são afastados do trabalho pelos peritos da previdência social e aposentados precocemente por doença. As famílias sofrem muito com isto. Mas quem mais sofre é a própria pessoa, vítima da chamada síndrome do pânico.

Dizem os psiquiatras que, na verdade, esta síndrome é uma violenta crise de ansiedade, que causa um tremendo mal-estar, uma sensação de morte iminente. Este acontecimento, que desaba sobre aquela pessoa e para a qual ela não encontra uma explicação satisfatória, já que na maioria dos casos a vida dela e de sua família estava correndo normalmente, provoca uma grande insegurança e gera um medo de que possa acontecer de novo, a qualquer momento do dia. A partir daí, muitos dos indivíduos atingidos pela síndrome do pânico vivem em função deste medo e nunca mais se recuperam de forma satisfatória. 

Explicações para esta doença existem e são muitas, mas nenhuma que satisfaça plenamente aos próprios médicos. A recomendação que se faz é que se busque ajuda médica o mais rápido possível, ao sinal de alguma alteração no comportamento seu ou de alguém de sua família, que possa lembrar esta síndrome do pânico. 

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Dr. Norberto Louback Rocha

Dr. Norberto Louback Rocha

A Saúde da Mulher

O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.

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