Um trio mortal

Um velho e experiente médico já dizia, de forma bem-humorada, que, apesar de ser uma coisa de certa forma irônica, doença boa, se é que isto seja possível, é aquela que dói.

E explicava seu raciocínio dizendo que tudo aquilo que causa dor leva a pessoa a buscar ajuda médica, ou do dentista, e assim resolver logo o problema.

De fato, as doenças que caminham de forma silenciosa pelo interior do corpo humano são as piores e mais devastadoras.

Quando chegam a ser descobertas, depois de longo tempo, já causaram danos tremendos ao organismo.

Podemos citar diversos exemplos delas. O câncer, em suas centenas de tipos, diabetes, pressão alta e outras.

Hoje, uma alteração do corpo causada pelo excessivo ganho de peso denominado obesidade vem se tornando um verdadeiro problema de saúde pública em diversos países do mundo. Facilmente percebida por todos, esta doença vem sendo vista como um fenômeno típico dos nossos dias. O acesso fácil e geralmente barato a comidas ricas em gorduras e sal, e por isto mesmo muito saborosas, é a principal causa do problema.

Aliando-se a isto, problemas de ordem emocional que levam muitos indivíduos a buscar neste tipo de comida rápida e atraente uma compensação para suas ansiedades e frustrações, acabando por se transformar numa forma de vício.

Esta última doença, a obesidade, de forma frequente traz associadas a ela outras duas agressões altamente devastadoras e muito traiçoeiras, por serem totalmente silenciosas.

São elas a pressão alta e o diabetes.

Juntas, as três se transformam no pior pesadelo que qualquer mortal possa imaginar.

Os danos que vão provocando, em curto espaço de tempo, são de grande monta e rapidamente destruidores.

A pressão alta força o coração a exercer um esforço enorme para bombear o sangue pelo corpo, e com o tempo ele vai ficando cansado e se tornando dilatado.

O excesso de gordura, além de obrigar o músculo cardíaco a trabalhar muito mais para alimentar toda aquela massa gordurosa, espreme as artérias tornando a passagem do sangue mais difícil e com isto obrigando o coração a um esforço ainda maior.

E para completar toda esta verdadeira desgraça contra o pobre organismo, o diabetes, levando a uma quantidade de açúcar sempre excessiva circulando no sangue, vai destruindo diferentes órgãos de forma lenta e progressiva.

Entupindo as pequenas artérias que levam o sangue da vida, vai matando pouco a pouco os rins, o coração, o cérebro, e provocando a destruição de partes do corpo como os pés, principalmente. É o chamado pé diabético, que acaba terminando na amputação por necrose.

Segundo estatísticas não oficiais, teríamos em nossa cidade cerca de dez a quinze mil diabéticos. Os hipertensos seriam em maior número. Quanto aos obesos não tenho acesso a um número confiável.

De qualquer forma, este trio mortal caminha pelas ruas da cidade em busca de novas vítimas. Cuidado para não se tornar uma delas!