Tudo tem um fim

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Quantos anos você gostaria de viver? Com certeza os jovens vão responder muitos e muitos anos, o máximo possível. Se a mesma pergunta for feita a alguém muito idoso, talvez a resposta possa surpreender. Pois muitos deles, já sofridos com o peso dos anos doendo nas costas, a perda de muitos ou de todos os amigos e parentes e as limitações impostas pela ferrugem do tempo, que lambe as juntas e morde o coração, podem responder que já não querem mais continuar nesta vida.

Entre nós, brasileiros, discutir este tema é muito incômodo, e a maioria de nós prefere mudar de assunto. Contudo, em alguns países já se fala abertamente e até mesmo já existem procedimentos legalmente aprovados para que em determinados casos o estado forneça os meios para que alguém em situação de grande sofrimento físico e sem que exista possibilidade de reverter-se aquela condição, possa terminar com dignidade a sua existência. Embora nenhum de nós queira refletir sobre o fim de sua própria vida, é coisa mais do que certa que ele vai chegar em algum momento, por mais cuidados que tenhamos para prolongar a nossa existência. Existe uma palavra que pouca gente conhece e sabe o que ela significa, até mesmo entre os profissionais de saúde: mistanásia, que é a morte com sofrimento e dor, e é o tipo de morte mais comum que existe. Podemos dizer que quando alguém morre subitamente por uma parada cardíaca ou por algum acidente no qual a morte seja súbita, sem tempo para que a pessoa ou sua família possa passar por algum sofrimento físico ou emocional, esta morte é até certo ponto piedosa. Mas na maioria das vezes não é assim que se passa. São meses e anos seguidos de sofrimento por alguma doença degenerativa, crônica, que destrua a mente ou o corpo.

A morte faz parte do nosso dia a dia, está sempre ao nosso lado, seja por algum ente querido ou algum desconhecido, mas sempre tomamos conhecimento dela, principalmente pelos meios de comunicação. E mesmo assim procuramos, como uma forma de defesa, ignorá-la . Nenhum médico, por mais competente que seja, possui a receita para se viver indefinidamente. Esta Páscoa que celebramos no último final de semana foi um bom momento para se pensar no assunto. Ninguém pode viver como se a vida não tivesse um fim.

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Dr. Norberto Louback Rocha

Dr. Norberto Louback Rocha

A Saúde da Mulher

O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.

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