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Sociedade Indefesa
A condenação à morte de dois cidadãos brasileiros na Indonésia — sendo que um deles já executado e o outro com previsão de sentença para este mês — mobilizou sentimentos e consciências de nosso povo. Gente a favor, gente contra, gente indecisa e por aí afora. Na verdade, o assunto é de extrema importância e seriedade. Dilma, cumprindo uma obrigação do seu cargo, pediu clemência ao presidente daquela nação, ameaçou romper relações de nosso país com aquele, fez o que se esperava dela, assim como os chefes de outros países fizeram. Tudo inútil. A sentença foi cumprida, o brasileiro executado, o corpo cremado e as cinzas entregues à família. Diziam na rua que a presidente não devia ter interferido nos assuntos de outra nação, pois se ainda fosse um brasileiro do bem, mas o homem era um traficante, queria ficar rico mesmo às custas da desgraça de adolescentes e adultos daquela terra. Diziam que ele era antigo viajante por aquele lugar, que praticava surf nas praias de lá, que sabia muito bem da severidade com que tratavam os crimes de tráfico; que não havia perdão, que a pena era morte por fuzilamento, mas, mesmo assim, entrou na terra deles carregando 13 kg de cocaína. Houve gente que fez zombarias, o que é lamentável diante de um fato tão terrível, dizendo que agora nenhum traficante do mundo iria traficar por lá, que ficariam por aqui mesmo, onde as coisas são menos perigosas. Parece, pelo que ouvi dizer, que aquela nação sofreu demais com o tráfico de drogas, principalmente por causa de um lindo e paradisíaco lugar chamado Bali, que atrai gente jovem do mundo todo e, junto com eles, as drogas. Deve realmente ter sido uma decisão difícil daquele povo, pois a pena de morte para traficantes foi aprovada pela população, segundo dizem. Para se ter uma ideia, um terrorista que está preso por atentado que matou duzentas pessoas foi condenado a 20 anos de prisão, dos quais já cumpriu a metade. Muita gente dizia que a pena de morte é crime cometido pelo Estado, legalizado pela legislação do próprio. Outros, que a sociedade tem o direito de proteger seus filhos e suas famílias contra aqueles que, de livre e espontânea vontade, escolheram caminhar pelas estradas do mal, como forma de ganhar dinheiro. Ouvi de um cidadão idoso, no interior de uma padaria, que o dinheiro gasto pelo governo para manter presos os traficantes, dar comida e manter enorme e custosa estrutura para que fiquem presos — e mesmo assim, eles lá de dentro das prisões mandam matar policiais e incendiar ônibus com gente dentro — seria melhor empregado em creches e hospitais para cuidar de gente do bem. E ele falava com raiva, indignado. Também ouvi gente ponderada, argumentando que a pena de morte não era a solução justa, que era muito violenta, e que muitos inocentes seriam eliminados. A sociedade vive dividida. Para alguém se decidir a fazer o mal, seja roubar da nação como fizeram recentemente muitos maus brasileiros, ou roubar pessoas e matá-las nas ruas parece ser muito simples. Mas para a sociedade das pessoas de bem, ordeiras e trabalhadoras, punir esta gente é muito difícil, toma um longo tempo até que se prove tudo bem provado. É para refletirmos sobre que rumo devemos tomar!
Dr. Norberto Louback Rocha
A Saúde da Mulher
O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.
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