Colunas
Só metade delas recebeu as duas doses
Em uma reportagem de uma emissora de TV, veiculada a mais ou menos dez dias, foram discutidos alguns graves problemas relacionados a doenças ligadas ao câncer de mama, de próstata e de colo de útero. Como sempre, foram citadas as medidas de prevenção, pois é muito mais simples prevenir do que remediar, como diz um velho e sábio dito popular.
Neste exato ponto, contudo, é que as coisas se complicam, porque ainda não conseguimos criar na grande massa da população a cultura da prevenção. Prevenir é andar sempre na frente das doenças, agir antes que elas se tornem mais graves.
Quando os entrevistados começaram a discutir os melhores procedimentos na prevenção do câncer do colo do útero, que na verdade é, entre todos, o de mais simples e fácil e barato de se fazer, com o chamado exame do Papanicolaou ou o popular preventivo, foi lembrada a questão da vacina contra os quatro tipos de HPV, vírus já completamente comprovado como desencadeador do câncer do colo uterino, ficou no ar uma pergunta interessante: porque razão as meninas e suas famílias não dão a devida importância a esta vacinação que realmente confere uma proteção, já comprovada, contra a doença.
Duas aplicações com alguns meses de intervalo entre elas, seis meses, que vão imunizar estas meninas pelos anos de suas vidas, pois elas, ao longo de sua juventude com certeza vão se descuidar e ter alguma relação desprotegida com um parceiro que seja portador do HPV e podem contrair o vírus. Atualmente apenas 43% das meninas compareceram para receber a primeira dose. Destas, muitas não retornaram para a segunda, sem que se saiba o porque. Uma das explicações dadas é o medo de alguma reação perigosa, já falaram até em paralisias e outras coisas mais, sem que tenha ocorrido, pelo menos de forma comprovada, qualquer conseqüência grave após a vacinação.
Mas o medo permanece no ar, acompanhado de uma grande boataria, que cria um clima desfavorável à aceitação da vacina. Sem as duas doses, a vacina não tem nenhum efeito protetor. Em países mais avançados e com maior nível de informação parece que ocorre o mesmo, ou seja, o comparecimento para a segunda dose também é pequeno. Aqui em nossa cidade, apesar de todos os esforços do pessoal da saúde e com a ajuda dos meios de comunicação, a procura foi abaixo do esperado.
Este ano, as mortes por câncer do colo uterino, causado por HPV vão chegar a cinco mil. Todo ano , perto de quatro mil mulheres infectadas por este vírus, começam a desenvolver a doença, a qual, se não for descoberta no início vai ter consequências graves, inclusive com a morte da mulher.
As possíveis reações desta vacina são as mesmas de qualquer outra. Se você tem na família alguma adolescente, oriente-a para que ela receba as duas doses da vacina contra o HPV.
Dr. Norberto Louback Rocha
A Saúde da Mulher
O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.
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