Ser feliz, ainda que na velhice

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Todos os anos, as estatísticas mostram que vivemos mais. Nos últimos vinte anos, por exemplo, os brasileiros aumentaram sua expectativa de vida de sessenta para setenta e três anos. Por incrível que pareça, a cada ano que passa as pessoas vivem mais. As explicações para isto são muitas. Alimentação, assistência médica, melhores condições de moradia, vacinas e uma série de outras coisas também colaboram para isto. Hoje temos muito mais idosos convivendo socialmente que antes, e também as pessoas estão se casando mais tarde. Mulheres estão tendo seu primeiro filho com trinta e cinco, quarenta anos. Vinte anos atrás, elas engravidavam aos dezesseis, dezessete anos, e tinham muitos filhos. Atualmente, a média de filhos por casal é de um a dois. Os casamentos continuam se realizando em grande número, mas também as separações continuam ocorrendo de modo preocupante. Por viverem mais, as pessoas separadas acabam por buscar fugir da solidão. Muitas já com filhos adultos e independentes se percebem solitários no meio da multidão. Olham ao seu redor e percebem que a vida dos outros continua a correr dentro da normalidade, festas de aniversário, reuniões de casais, excursões em grupos, e se percebem sozinhos, de fora de tudo aquilo. Esta situação gera um grande sofrimento, que se torna mais doloroso aos domingos, dia mundial da família, como dizem alguns psicólogos, nas festas de Natal e Ano-Novo, nos dias de aniversário. Ninguém nega que a vida a dois, o dia a dia de um casamento é uma experiência difícil. Muita gente naufraga no meio da viagem, e para alguns o trauma é tão grande que nunca mais pensam em repeti-lo. Preferem casar com a solidão. Mas para a maioria, o viver sozinho assusta muito e este sentimento as leva a procurar companhia, como diz uma música popular brasileira, alguém para chamar de meu. Seja de que modo for, o ser humano não é uma ilha, não foi feito para a solidão. Atualmente, percebemos na sociedade uma renovação de uniões de pessoas de mais idade. Gente que descobre uma nova companhia aos sessenta ou mais anos de idade, e encontra uma nova razão para viver, sair da depressão e do isolamento. É possível que, se estas pessoas souberem utilizar as experiências adquiridas ao longo da vida, souberem evitar os erros do passado, consigam ser felizes ainda que num momento da vida chamado velhice! 

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Dr. Norberto Louback Rocha

Dr. Norberto Louback Rocha

A Saúde da Mulher

O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.

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