Sem fazer barulho

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Segundo uma paciente de longa data, foi num domingo de verão, há alguns anos, que o primeiro sinal da doença apareceu. Seu marido, homem até então com excelente saúde e muita disposição para o trabalho, que raramente tinha desejo de beber água, ingeriu uma grande quantidade daquele líquido — segundo ela, coisa de dois ou três litros. Este fato chamou a atenção de todos da família, que estranharam aquela sede excessiva e comentaram com o pai. Ele também estranhou muito o acontecido e resolveu procurar um médico. Após a consulta, o doutor solicitou que fizesse uma série de exames de sangue e retornasse. Na consulta de retorno o médico comunicou-lhe que, de acordo com os exames, ele estava diabético, um tipo de diabetes que afeta as pessoas adultas e se chama diabetes tipo 2. Perguntou se havia alguém diabético na família e ele respondeu que sim, sua avó paterna e seu pai. Dali em diante seu marido mudou sua vida. Perdeu peso, passou a fazer caminhadas três vezes por semana e a tomar os remédios prescritos pelo médico. Atualmente, com setenta anos, seu diabetes está bem controlado. Histórias como esta existem aos milhares pelo nosso país. Quanta gente por aí sofre de um cansaço enorme, sem causa aparente, faz um esforço tremendo para vencer os dias úteis e quando chega o fim de semana desaba na cama esgotado. Assim é o dia a dia dos diabéticos que ainda não sabem da doença, e também de muitos dos que sabem e não se cuidam. Uma verdadeira epidemia que se alastra pelo mundo, destruindo milhares de vidas, causando cegueira, insuficiência dos rins, graves lesões nos nervos, levando a amputações de pés e pernas e infartos cardíacos. Os três tipos mais frequentes da doença são o tipo 1, que atinge as crianças, o 2, que afeta os adultos e está ligado aos hábitos de vida, e o 3, que atinge a mulher grávida e é muito perigoso. Nos Estados Unidos, por exemplo, já é visto como um sério problema de saúde pública. No momento a doença é vista como incurável, mas controlável. Os grandes obesos diabéticos, portadores da obesidade mórbida, apresentam-se curados numa boa porcentagem, após as cirurgias bariátricas. Alguns casos de implantes de células-tronco deram também bons resultados. Os diabéticos de hoje podem se considerar felizardos, se comparados aos de antigamente, que não dispunham de nenhum dos modernos meios de diagnóstico e tratamento que temos hoje. O diabético do passado tinha que ir semanalmente ao laboratório fazer exame de sangue, se quisesse saber com precisão o nível do açúcar em seu sangue. Hoje isto pode ser feito em sua casa com um pequeno aparelho, com enorme exatidão. Modernas seringas, verdadeiras canetas, com máxima precisão, permitem que o diabético dependente de insulina se aplique as doses necessárias com toda a segurança. Doença silenciosa, que nos primeiros anos não dá qualquer sinal de sua presença, mas vai corroendo a pessoa pouco a pouco. Previna-se.  


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Dr. Norberto Louback Rocha

Dr. Norberto Louback Rocha

A Saúde da Mulher

O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.

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