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Quando o humor se torna um inimigo
terça-feira, 04 de dezembro de 2012
Um dia, ao final das consultas, fui procurado por uma paciente que estava entrando naquela fase da meia-idade e muito preocupada me contou um acontecimento com um filho adolescente.
Por alguma razão eles tiveram um desentendimento, daqueles entre mãe e filho, e no meio do atrito o rapaz disse: ”Não sei como meu pai aguenta viver com uma mulher como você”.
Segundo ela, aquilo foi como uma bomba que explodiu em sua cabeça. Afinal, filho é filho, e ele falou com muita segurança. Será que eu estou tão descontrolada assim, pensou ela, e foi o principal motivo da sua vinda ao meu consultório.
Estava bem claro que aquela mulher estava passando por uma crise de irritabilidade, bem comum naquela fase da vida. É frequente, nesta época, a ocorrência de períodos de tristeza, depressão e irritação. Sendo que muitas vezes um destes estados de humor pode prevalecer e persistir por longo tempo, às vezes por anos seguidos.
No caso desta paciente, tudo indica que foi o mau humor e a raiva que predominaram e foi o que motivou aquele desabafo do filho. Conviver com uma pessoa que permanece quase todo o tempo enraivecida e zangada, convenhamos, deve ser um tormento que ninguém merece.
Apesar de não ser um fato comprovado por exames ou estudos médicos, nós, ginecologistas, percebemos que existe nitidamente uma associação entre alterações do humor e a menopausa. Acredita-se que a queda nos níveis do estrogênio, hormônio típico da mulher, possa de alguma forma alterar as taxas de serotonina, um possante e vital transmissor entre os neurônios cerebrais, o que pode ocasionar uma desregulação do humor.
Juntando-se os calores que perturbam a paz das mulheres nesta época da vida, o próprio envelhecer, e as mudanças que ocorrem no seio da família como doenças dos pais, afastamento do trabalho e muitas outras que a vida ocasiona, além da sensação de estar se tornando menos feminina, temos uma receita bem pesada para ninguém botar defeito.
Algumas medidas simples e práticas podem ajudar muito a melhorar as coisas. Mudanças de hábitos, como praticar exercícios ao ar livre, buscar permanecer ao sol da manhã por curtos períodos e com protetor solar, buscar ajuda de um psicólogo e do seu ginecologista.
Este, com toda certeza, vai lhe oferecer uma terapia à base de hormônios que vão ajudar a colocar seus níveis hormonais em ordem e com isto melhorar as funções cerebrais que possam estar prejudicadas pela queda dos seus estrogênios e também da progesterona.
Para aquelas que não podem fazer uso dos hormônios sintéticos, por razões médicas ou até mesmo por serem adeptas das coisas naturais, existem boas opções como os medicamentos extraídos das plantas e da soja, os chamados fitoterápicos, que podem ser benéficos e ajudam a atravessar esta fase turbulenta da vida.
![Dr. Norberto Louback Rocha Dr. Norberto Louback Rocha](https://acervo.avozdaserra.com.br/sites/default/files/styles/foto_do_perfil/public/colunistas/norberto.jpg?itok=LGlRI66-)
Dr. Norberto Louback Rocha
A Saúde da Mulher
O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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