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Prevenir é melhor do que remediar
terça-feira, 12 de março de 2013
Foram muitos e muitos anos de pesquisas, testes e mais testes, acertos e erros, até que finalmente os pesquisadores conseguiram identificar entre as dezenas e dezenas de tipos de HPV, aqueles diretamente ligados ao câncer do colo do útero.
Se muitos médicos ainda tinham alguma dúvida da relação entre aqueles tipos de vírus e o câncer de colo de útero, estas foram completamente derrubadas ao final das pesquisas, que mostraram claramente a forma pela qual o HPV misturava os seus gens aos das células humanas e daí iniciava-se uma sucessão de alterações que acabavam por levar ao aparecimento de um câncer naquela parte do útero.
Em nosso país, a região mais atingida por este tipo de câncer situa-se no norte e nordeste. Relaciona-se o câncer de colo uterino a condições de falta de higiene e pouca assistência médica ginecológica. A bem da verdade, a frequência da mulher aos consultórios dos ginecologistas é uma das condições fundamentais para o combate a esta grave doença. O teste de Papanicolaou, popularmente chamado de exame preventivo, é com certeza a melhor oportunidade que a mulher tem de descobrir em sua fase mais inicial esta doença. Assim como as demais formas de câncer, a descoberta precoce da lesão é uma das condições que pode levar à cura completa. O contrário também é verdade. Quando se descobre um câncer numa fase já bem avançada, e isto vale para qualquer tipo de câncer, a morte é apenas uma questão de tempo, por mais que os médicos lutem contra ela.
Um velho ditado, usado por todo mundo em diferentes ocasiões, é totalmente verdadeiro na medicina: “Melhor prevenir do que remediar”. Como medicina é uma coisa muita cara, pois exige gastos enormes para salvar vidas, uma boa política de saúde procura antes de tudo prevenir o aparecimento das doenças. Um grande exemplo são as vacinas, que com pequenos gastos evitam o surgimento de graves doenças como sarampo, paralisia infantil, tuberculose e muitas outras.
Uma lei federal do ano de 2008 diz que o SUS deve oferecer a todas as mulheres que já tenham iniciado sua vida sexual, qualquer que seja sua idade, um exame ginecológico para prevenir o temido câncer de colo uterino. Apesar desta lei, uma imensa massa de mulheres em todo o Brasil não consegue acesso fácil a médicos ginecologistas. Apenas para exemplificar, no ano passado, 2012, tivemos 17.540 casos diagnosticados de câncer de colo uterino. Estes números se referem a mulheres que buscaram assistência medica. Imaginem o numero daquelas que não quiseram ou não conseguiram consulta, quantas delas estão com a doença?
Em todo o país faltam médicos especializados e postos de atendimento, com fácil acesso para a população feminina. O que vocês sugerem, amigas leitoras, para tentar resolver esta terrível situação?
Dr. Norberto Louback Rocha
A Saúde da Mulher
O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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