Pode acontecer com qualquer um de nós

terça-feira, 30 de julho de 2013

Ninguém, nem mesmo o melhor dos médicos, poderá dizer com certeza, sem que lhe ocorra a menor sombra de dúvida, por que razão aquela determinada pessoa, geralmente alegre e brincalhona, de um dia para o outro fechou o rosto, escondeu o sorriso, e nunca mais foi a mesma. Por alguma misteriosa razão, havia perdido o rumo da caminhada pela vida e entrado numa estrada sombria numa determinada curva do caminho. Sem perceber, estava adentrando o doloroso mundo da depressão. Todos que com ela conviviam percebiam que alguma coisa estava errada, aquela não era a nossa amiga querida, diziam uns para os outros.

Os meses se passaram, e as coisas continuavam do mesmo jeito. Ela sem sorrir, ausente de todos os momentos de alegria da família, cada vez mais fechada em si mesma, emagrecida e descuidada, não usava mais batom, não ajeitava mais os cabelos como sempre fazia, e para quem perguntava o que estava acontecendo, respondia que eram coisas da vida.

Os parentes procuravam alguma resposta, algum acontecimento que pudesse ter causado aquela tremenda perda de alegria e vontade de viver, mas ninguém achava o menor sinal do que podia ter ocasionado aquela mudança para pior. Segundo especialistas, esta doença depressiva é um acontecimento bem mais comum do que se possa crer. Afetando mais as mulheres do que os homens, ela pode ocorrer depois de um acontecimento muito triste, como a morte de um ente querido, como pode aparecer após um fato alegre e feliz, como o nascimento de uma criança na família.

Nós, médicos ginecologistas, pela natureza da nossa profissão, convivemos diariamente com a alegria e a tristeza das mulheres. Quase sempre é a nós que elas recorrem em busca de um conselho, de uma sugestão. Somos nós que muitas vezes ouvimos queixas ligadas ao desinteresse de um marido pela vida íntima do casal, ou pela falta de satisfação sexual da própria mulher, que esconde do parceiro este fato com medo de que ele possa interpretar de forma errada. Mas a pior coisa que a mulher possa fazer é justamente não fazer nada, simplesmente deixar as coisas como estão, na esperança de que elas melhorem. É enorme engano, pois a experiência nos mostra exatamente o contrário. As coisas só vão piorar.

Depois de certo tempo, a insônia vai ficar mais severa, o medo de tudo e de todos irá piorar, o mal-estar físico, como dores de cabeça e enjoos, além das dores pelo corpo, vão se tornar mais frequentes no dia a dia, até que a pobre criatura desabe e mergulhe fundo na tristeza.

Buscar ajuda médica ou psicológica imediata é o primeiro passo. Depois disto, uma longa caminhada de volta ao rumo perdido será iniciada. Sessões de terapia com ou sem auxílio de algum medicamento vão fazer parte do dia a dia daquela pessoa. Nos dias de hoje, é comum a existência de grupos de autoajuda que se reúnem uma ou mais vezes por semana, com a presença de um terapeuta que auxilia a coordenar e esclarecer as dúvidas, além de interpretar o significado de tudo o que se diga. Um número enorme de mulheres, e homens também, sofre neste momento desta incapacitante doença. Se você esta entre eles não perca tempo. Procure ajuda. 

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Dr. Norberto Louback Rocha

Dr. Norberto Louback Rocha

A Saúde da Mulher

O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.

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