A pílula do desejo feminino

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Uma queixa bastante frequente nos consultórios dos ginecologistas é a respeito da falta de desejo sexual. Mulheres de diferentes idades, mesmo entre jovens, mas principalmente na faixa etária daquelas que estão na menopausa, são as que apresentam mais dificuldades relacionadas a este problema. Pelo que leio em revistas medicas e até mesmo nas reportagens em revistas da imprensa não especializada, o problema é mundial, afeta populações de diferentes culturas e países. Já ouvi de muitas pacientes relatos de que, embora não sentindo quase nenhuma vontade de fazer sexo com seu companheiro, aceitam manter esta relação por sentir que ele é um ótimo marido, um bom pai e uma pessoa de grandes qualidades, e ela não quer de forma alguma estragar esta relação por falta de desejo sexual. A questão do desejo, ou libido, tem vários aspectos, não dependendo apenas dos níveis hormonais da mulher. É claro que este fato é de vital importância, mas existem outras coisas que também têm muito impacto na vida do casal e que afetam diretamente a sexualidade. Um exemplo disto são dificuldades na educação dos filhos, problemas com bebidas alcoólicas, uso de anticoncepcionais, doenças nervosas e muitos outros. A sexualidade feminina, segundo estudos, é muito diferente da masculina, é mais difusa, com mais detalhes, enquanto a masculina é mais direta e objetiva. O orgasmo masculino é atingido com mais rapidez e facilidade na maioria dos casos. As dificuldades sexuais masculinas, principalmente em relação à ereção, foram bem resolvidas com a produção dos remédios para resolver este problema, e realmente atendem a maioria dos casos. Mas em relação às mulheres, na questão da falta do desejo, até o momento havia um vazio no que diz respeito a medicamentos específicos para esta questão. Depois de muitos anos de debate, os médicos responsáveis pela fiscalização de medicamentos e alimentos nos Estados Unidos, a Food and Drugs, chegaram a um acordo e concordaram em autorizar o lançamento no mercado farmacêutico da pílula do desejo — Addy é seu nome comercial lá. Segundo informações, ela age numa área do cérebro responsável pelo desejo sexual, estimulando a libido. Diferentemente da pílula masculina, que só deve ser tomada um pouco antes da relação, a feminina precisa ser tomada todos os dias de forma contínua. Vamos esperar para ver e torcer que ela realmente ajude as mulheres que sofram desta falta de desejo. 

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Dr. Norberto Louback Rocha

Dr. Norberto Louback Rocha

A Saúde da Mulher

O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.

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