Perderam o medo das DSTs

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Perderam o medo, ou esqueceram ou não querem esquentar a cabeça, pois como dizem, “hoje tem remédio para tudo”. O que vem acontecendo nos consultórios e postos de saúde nos últimos tempos é a constatação do crescimento das doenças sexualmente transmissíveis entre jovens e idosos, de ambos os sexos.

Muitas causas são possíveis para explicar estes fatos. Um deles, talvez o principal, na minha opinião, é a falta de informação, apesar de tudo o que é publicado em jornais e revistas e falado nas rádios e TVs, muitas e muitas vezes por mês. É esta falta de informação que leva homens e mulheres a acreditar nos parceiros e fazer sexo sem o uso da camisinha.

Um fantasma mortal muitos anos atrás, a sífilis, que levava à morte ou à loucura e até mesmo à paralisia, hoje se descoberta a tempo pode ser tratada e curada com o mais antigo antibiótico conhecido, que é a nossa velha penicilina. Mas, se não for descoberta em tempo, nas gestantes, vai causar morte fetal ou o nascimento de crianças com graves sequelas para o resto da vida.

A aids, por exemplo, pode passar anos e anos sem dar sinal de sua presença. Dizem alguns especialistas que pessoas infectadas pelo HIV podem levar mais de dez anos, depois da contaminação, até apresentarem os primeiros sintomas. Antes disto já podem ter contaminado muita gente.

Com o surgimento dos viagras da vida, os idosos, que antes, por causa da dificuldade para ter uma ereção, fugiam das mulheres, agora animados e com a ajuda destes medicamentos voltam a procurar a companhia delas, mas, alegando que a colocação do preservativo prejudica a ereção, se recusam a usá-lo, e as mulheres, de forma geral acabam por aceitar.

É muito difícil para os médicos, dentro de seus locais de trabalho, no meio de uma das muitas consultas que realizam por dia, terem tempo de mostrar aos seus pacientes os perigos de terem uma relação desprotegida, sem camisinha. Na verdade somente a realização de campanhas bem feitas, podem convencer a grande massa populacional de que os perigos existem, e se possível com o depoimento de gente que foi infectada para dar mais força ao que se quer transmitir.

A hepatite B, por exemplo, que estava bem controlada, voltou com força total. Vejam o exemplo, em 2004 tivemos 10.240 casos relatados, fora os muitos que não foram informados (no Brasil estatísticas deixam muitas dúvidas), e em 2013 eles saltaram para 17.800, um pulo impressionante.

Em nossa cidade sobram vacinas para o HPV, pois a procura diminuiu, principalmente depois de notícias dando conta que meninas que receberam a primeira dose — são necessária três — apresentaram quadros de paralisia. O que vai ser feito daqui para a frente, para mudar esta situação, é que deve ser bem pensado e planejado. Se não fizermos um grande esforço, o futuro de muita gente será doloroso.  

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Dr. Norberto Louback Rocha

Dr. Norberto Louback Rocha

A Saúde da Mulher

O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.

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