Colunas
O vovô que morreu cedo
Desta vez nossa coluna será estendida aos homens. Para que não sejamos injustos, precisamos dar a eles alguma atenção. Pelo menos uma queixa frequente que recebo deles e de muitas de suas companheiras é "por que o senhor não dedica alguma atenção aos homens?”, afinal eles também são filhos de Deus. E com muito cuidado vou oferecer esta coluna a eles. E para começo de conversa lanço uma pergunta que vai deixá-los de saia justa. Por que os homens não vão ao médico? Com certeza as respostas a esta questão serão muitas. Cada um deles vai ter a sua na ponta da língua, prontinha como pão fresco na padaria. Sem querer defendê-los mas já defendendo, me atrevo a voltar ao passado masculino e mostrar que desde a mais tenra infância todas as vezes que um menino começa a chorar, por qualquer razão que seja, logo aparece alguém, seja mãe, avó ou tia que lhe diz "que é isto menino, homem não chora, isto é coisa de mulher". E desde cedo ouvindo estas palavras todas as vezes que chora, o menino acaba acreditando que homem não pode chorar. Esta situação marca de vez a vida dos homens, que impedidos de desabafar suas emoções da forma mais comum, acabam por reprimi-las e passam a acreditar que não devem demonstrar sinal de fraqueza, e ir ao médico pode ser um sinal de fragilidade. Apenas para ilustrar esta questão, no ano de 2008 segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a vida media do homem brasileiro era de 69 anos enquanto a da mulher era de 76 anos. Só isto dá para vocês sentirem a gravidade da questão. Segundo os médicos, o homem vai empurrando seus problemas com a barriga, enquanto podem, só recorrendo ao médico quando a coisa já está feia. Para mostrar a vocês com mais seriedade ainda como andam as coisas, segundo o Ministério da Saúde, para cada três mortes no Brasil, duas são de homens. Depois desta informação, foi lançado um programa nacional de atenção à saúde do homem. Enquanto isto vocês mulheres já são assistidas por muitos programas de atenção médica, há muitos anos. As mulheres em nosso país vivem em média sete anos mais que seus companheiros, e uma das principais razões é que elas se cuidam mais. Desde meninas, elas assistem suas mães e avós irem ao médico com regularidade de relógio suíço, e aprendem assim que cuidar da saúde é uma coisa natural e faz parte da vida. O mesmo não acontece conosco, homens, que desde meninos ouvimos aquela mesma frase homem não chora, homem é macho, aguenta calado. Um tremendo erro, que marca para o resto da vida o cidadão. Este programa lançado para atender a saúde do homem busca entre outras coisas quebrar o estereótipo que se criou e que deu eles a sensação de são super-homens, invulneráveis a tudo, principalmente a doenças. Como qualquer ser humano, eles sofrem de tudo. Diabetes, pressão alta, obesidade, câncer da próstata e mais uma imensa série de outras doenças, como depressão e insônia. Um simples exemplo é em relação ao câncer da próstata, em cada roda de amigos da cervejinha e do churrasco sempre tem alguns que dizem "eu é que não vou fazer aquele exame do toque retal" e logo outros respondem "eu também não". Por estas razões que mostrei acima é que muitas famílias perdem cedo os seus pais. São natais e festinhas dos netos sem aquela presença tão importante e bonita, restando apenas retratos ao lado da cabeceira da cama do casal e em alguma parede da casa para mostrar aos netinhos: "Aquele era o seu vovô, ele era um bom homem, pena que não se cuidava e por isto morreu cedo!”
Dr. Norberto Louback Rocha
A Saúde da Mulher
O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.
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