O que irá acontecer quando ela chegar aqui? - 7 de junho 2011

domingo, 31 de julho de 2011

A natureza flui como a correnteza de um grande e caudaloso rio. Muitas vezes ruidosa como nas tremendas tempestades, tsunamis e catástrofes como a que nos atingiu.

Mas também age de forma silenciosa, na calada da noite, como podemos dizer.

Este segundo modo de ação é o mais frequente. Os momentos estrondosos são menos comuns, embora sejam os mais percebidos, exatamente pelo estrago imediato e barulhento que fazem e também por serem imediatamente visualizados pelos meios de comunicação, além do espetáculo quase cinematográfico, como no caso dos vulcões.

Mas, no silencio das noites e na calmaria das águas parada, no interior dos corpos humanos e dos animais, ela também trabalha.

Nunca, em nenhum momento, desde o início da vida na face do planeta, ela repousa. É como o rio que silencioso desliza, dia e noite, atravessando cidades e campos.

E sempre, desde tempos imemoriais, surpreende a humanidade. Foi assim com a terrível epidemia mundial da chamada gripe espanhola, que ocasionou a morte de milhões de pessoas; falou-se na época em vinte milhões.

A humanidade foi duramente atingida por dezenas de outras agressões por microscópicos seres vivos, visíveis somente pela lente de supermicroscópios eletrônicos, disponíveis apenas em grandes centros de pesquisa.

Passamos pelas gripes, febre tifóide, sarampos, tuberculose, paralisia infantil, varíola, e por um sem numero de outras doenças que por longos anos causaram dor e sofrimento.

Certamente a humanidade tem grande parte da culpa em muitas destas tragédias.

O uso descontrolado de terríveis venenos, conhecidos como pesticidas, que também destroem outros micro-organismos que compõem a rica natureza do solo, interrompendo abruptamente um ciclo de vida que é extremamente importante para todos nós.

Um dos exemplos mais recentes disto é o aparecimento na Europa, mais precisamente na Alemanha, de uma variante da nossa velha conhecida bactéria escherichia coli, habitante antiga dos intestinos humanos e animais.

Também é frequentadora do aparelho urinário de muita gente, não escolhendo cara, sexo ou situação econômica. Causadora de muitas infecções urinárias, algumas bastante sérias, principalmente em pessoas fragilizadas, seja pela velhice ou por alguma condição orgânica debilitante.

De forma geral ela cede rapidamente aos tratamentos, com os antibióticos usados de rotina.

Infelizmente, a falta de bom senso de muitos, o abuso da automedicação e até bem pouco tempo a venda indiscriminada de antibióticos por funcionários de drogarias e farmácias, fez crescer a resistência desta e de muitas outras bactérias aos medicamentos.

A ação do homem pode estar por trás do surgimento da escherichia coli extremamente agressiva, mais forte, que se transmite pela água, pelos alimentos frescos como as verduras e também pelas nossas mãos. Se, num país como a Alemanha, com um sistema de tratamento de águas e esgotos muito bom, ela já matou vinte e duas pessoas até ontem, e está lotando os hospitais com gente em estado grave devido a diarreias e infecções do estômago, me assusta pensar no que ela poderá causar em países com o nosso, onde sabemos que milhões de famílias convivem com esgoto correndo pelas ruas e águas de beber sem um mínimo de pureza.

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Dr. Norberto Louback Rocha

Dr. Norberto Louback Rocha

A Saúde da Mulher

O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.

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