O corpo avisa

terça-feira, 15 de abril de 2014

Todos concordam que nada acontece de graça, sempre existe uma causa, uma razão para tudo, embora nem sempre se possa prever. Um triste exemplo tivemos nós todos com a tragédia de 2011. Quem, mesmo o melhor meteorologista do mundo, poderia prever aquilo? Quando chega o verão e as nuvens escuras fecham o céu e as trovoadas começam, é quase certo que vai cair uma chuvarada daquelas. Qualquer um pode garantir que vai chover e o bom senso manda tirar as roupas do varal, já dizia vovó nos tempos antigos. 

Com a nossa saúde acontece do mesmo jeito, pois somos parte da natureza. Recentemente, tive oportunidade de participar de situações que me fizeram escrever a matéria de hoje. Duas delas ocorreram com mulheres e a terceira com o marido de uma paciente minha. Em todas elas, a natureza de algum modo mandou um aviso que infelizmente não foi levado a sério ou não foi entendido. Vamos, então, abordar os assuntos. 

A primeira paciente que me procurou apresentava uma parte da mama direta endurecida e um pouco avermelhada, dolorosa ao exame, e havia um nódulo na axila do mesmo lado. Quando perguntei há quanto tempo as coisas estavam daquele jeito, ela me respondeu que calculava que já se passavam uns seis meses, mas ela não tinha ficado muito preocupada porque na época que estava amamentando um dos filhos tinha acontecido a mesma coisa e depois melhorou sem fazer nada. Ela só não percebeu que eram coisas totalmente diferentes. Quem amamenta pode sofrer inflamações nos seios sem que seja nada de mais grave. Aquilo que estava acontecendo com ela não tinha nada a ver com amamentação. Também me disse que há dois anos não fazia sua mamografia mesmo sentindo agulhadas fortes naquela parte da mama, segundo me disse. A segunda paciente relatou que desde uns dois anos passados não fazia exame preventivo, mesmo sofrendo dores durante as relações sexuais e apresentando pequenos sangramentos vaginais depois delas. Seguindo conselhos de uma parente, começou a fazer duchas vaginais com um produto que não lembrava o nome na hora da consulta. A terceira história me foi contada por uma paciente durante consulta de rotina. Quando perguntei pelo esposo, disse que ele estava passando por um momento difícil. Depois de fazer um exame da próstata com seu urologista, foi alertado sobre a necessidade de uma biópsia. Fez a biópsia e um exame de sangue do PSA. Os resultados foram duvidosos. O médico recomendou que retornasse em três meses para nova avaliação. Com medo de fazer novo exame, pois sentira muita dor durante a biópsia, ele simplesmente desapareceu do consultório do urologista. Um ano depois, teve que voltar lá com um dificuldade enorme para urinar. Em todas as três situações que relatei aqui, as pessoas estavam com um câncer já em estado mais avançado, foram operadas e estão em tratamento. O futuro delas é imprevisível. Tudo poderia estar melhor se tivessem ouvido a voz da natureza.

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Dr. Norberto Louback Rocha

Dr. Norberto Louback Rocha

A Saúde da Mulher

O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.

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