Não percam tempo! - 2 de agosto 2011

A vida feminina apresenta situações que nunca, em hipótese alguma, devem ser deixadas sem resposta. É muito frequente no consultório do ginecologista acontecerem coisas do tipo ”minha tia de sessenta e tantos anos, tem tido alguns sangramentos vaginais, o senhor acha que isto é perigoso?“.

A paciente que está sendo atendida, muitas vezes leva para o seu médico problemas de familiares ou até mesmo de conhecidas ou amigas. Na verdade, do momento que o corpo lança seus avisos até a mulher se decidir a procurar ajuda, geralmente ocorre um importante intervalo de tempo.

Há alguns meses, uma paciente procurou ajuda de um ortopedista para tratar uma dor insidiosa na altura do quadril. Num primeiro momento a paciente recebeu uma medicação analgésica e foi encaminhada para exames radiológicos.

O resultado dos exames diagnosticou a presença de lesões na bacia compatíveis com câncer, e ainda segundo o laudo do radiologista, eram provenientes de um foco que estaria em outra parte do corpo.

Diante desta descoberta, a paciente confessou que estava percebendo um caroço na mama direita há mais de dois anos, e que não havia procurado auxilio do seu ginecologista por medo, e pela mesma razão nada falou para a família.

Uma outra situação ilustra bem a difícil situação em que muitas mulheres se encontram.

Entre o temor da doença e o receio de buscar ajuda, que a levaria a ter que encarar uma verdade dolorosa, passa muitas vezes um tempo longo.

Nos dois casos citados acima, foi exatamente o que aconteceu.

Fatos assim são muito mais comuns do que se possa pensar. Nós médicos já perdemos a conta das vezes em que assistimos situações como estas, e isto ocorre em todas as áreas da medicina.

A luta da medicina contra as diversas doenças que destroem a saúde e também tiram a vida, inclui a superação dos medos que travam a iniciativa das pessoas em buscar ajuda.

Por esta razão, são realizadas anualmente as campanhas públicas de esclarecimento e de incentivo, para que todos busquem os serviços médicos de prevenção das diferentes doenças.

Ainda assim, apesar de todo o esforço das diversas sociedades médicas, dos programas de rádio e TV e também das notícias veiculadas pelos jornais, um enorme número de pessoas, apesar de sentir os sintomas que levam a pensar no pior, retarda muito a busca por assistência médica. Esta atitude só faz piorar os resultados dos tratamentos.

Ainda temos muito que fazer para motivar a procura imediata de todos os pacientes, pela ajuda salvadora.