Não devemos arriscar!

sábado, 31 de julho de 2010

A medicina vem passando por uma série de dificuldades em diversas áreas de atuação.

Uma delas é a ginecologia, especialidade completamente voltada para os cuidados com a saúde da mulher, prevenção e tratamento das doenças que atingem o sexo feminino, diretamente relacionadas aos seus órgãos reprodutores.

As infecções que ameaçam e agridem seu bem estar e que afetam sua capacidade de ter filhos..

Dois grandes pesadelos que sempre atemorizaram, e ainda o fazem, as mulheres em todo o mundo têm sido o câncer da mama e o do colo uterino.

O primeiro aparentemente relacionado a melhores condições de vida, alimentação, economia, e até mesmo ao sedentarismo. O segundo, dito uma doença da pobreza, da falta de condições sanitárias, e principalmente ligado à ação de alguns tipos de um vírus denominado HPV.

Recentemente, algumas entidades que congregam médicos norte-americanos que atuam na proteção da saúde feminina, propuseram algumas modificações nos critérios de atendimento e acompanhamento de suas pacientes. As alterações propostas, estariam mais relacionadas a fatores financeiros, o principal deles seria a diminuição dos gastos públicos, já que a assistência médica daquele pais vem passando por grandes modificações visando a racionalização e melhor uso dos serviços médicos e hospitalares cujas despesas alcançaram cifras altíssimas, a ponto de as tornarem inviáveis.

Consideradas por muitos serviços públicos e privados do mundo, como um modelo a ser seguido, as instituições de saúde norte-americanas encontram-se agora diante de um dilema sério: Elevar a idade para a realização dos primeiros exames do preventivo do câncer de mama e do colo do útero, com o intuito de diminuir despesas do serviço publico.

Os sistemas ocidentais de saúde públicos e particulares, da maioria das nações, sempre partiram do pressuposto de que mais vale investir na prevenção do que tratar das complicações e sequelas daquelas duas doenças femininas.

Atualmente, a ginecologia vem sendo surpreendida, cada vez com mais frequência, pelos casos de mulheres jovens com câncer de mama e sem história familiar da doença, o que deixa todos os especialistas muito preocupados.

Ficamos então diante de um dilema: Vale a pena correr este risco de adiar exames por alguns anos em troca de alguma economia?

Fica evidente que não. Que se busque economizar em alguma outra área, que não coloque diretamente em risco vidas humanas.

O dia a dia da prática médica, mostra com toda a clareza, que existem muitos exames que não são tão necessários e de tal importância, como o preventivo do colo uterino e a mamografia, que aqueles sim poderiam sofrer algum tipo de restrição.

Não vale a pena correr tal tipo de risco.

TAGS:
Dr. Norberto Louback Rocha

Dr. Norberto Louback Rocha

A Saúde da Mulher

O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.