Jovens sem limites

terça-feira, 19 de maio de 2015

Num encontro casual com uma professora aposentada, que dedicou toda sua vida ao trabalho com adolescentes, e que teve a missão de dirigir por muitos anos uma das maiores escolas públicas da cidade, surgiram questões muito interessantes a respeito das relações dos adolescentes com seus pais e seus professores. Relembramos de tempos passados quando os professores eram vistos pelas famílias como seus aliados na educação dos jovens e que se entendiam muito bem nas questões relacionadas a este respeito. As coisas funcionavam da seguinte forma: Em casa os pais educam e nas salas de aula os professores, verdadeiros aliados, continuam este trabalho educativo e de formação de um cidadão. Por muitos anos as coisas foram deste modo e tudo sempre pareceu correr bem. Os jovens daqueles tempos respeitavam seus pais e da mesma maneira respeitavam seus mestres. Os anos passaram e os costumes sociais foram sendo alterados. As leis foram sendo modificadas e as relações entre pais, filhos e professores foram sendo alteradas. De aliados dos pais, os professores foram sendo deixados de lado e passaram a ser vistos como uma espécie de inimigos dos filhos. A legislação que regulamenta os direitos das crianças passou a interferir mais diretamente nas relações familiares, ao ponto de proibir castigos físicos, como uma simples palmada, que a maioria de nós mais velhos vivenciou e não foi tão desastrosa para nossas vidas. O nosso Papa Francisco, de modo fraternal, disse em uma de suas sábias pregações ao povo que a palmada materna ou paterna é uma forma de manifestação de amor verdadeiro e que sempre dói muito nos pais que a aplicam. O grande perigo que ronda as famílias de hoje é a dificuldade em impor limites para os jovens, sejam de que classe social forem. Pais e mães agredidos física e verbalmente. Professores agredidos e ameaçados dentro das escolas, menores que roubam e matam, certos da impunidade justamente por serem menores de idade, conselheiros tutelares, policiais e funcionários dos juizados de infância e adolescência sendo ameaçados no exercício de suas funções, coisas absolutamente inacreditáveis. Recentemente, assisti numa emissora de TV um delegado de polícia de São Paulo relatar que após ser preso mais uma vez, depois de muitas outras vezes, ouviu um menor de idade dizer que tinha que aproveitar enquanto era menor para fazer um patrimoniozinho. Na vida, tudo tem um limite. Os países são limitados por fronteiras, as estradas têm suas velocidades limites, as pessoas vivem até um limite de tempo, os prédios têm um tempo de vida útil, os aviões deixam de voar depois de algum tempo, na natureza tudo tem um limite. Jovens que cresçam sem saber onde terminam seus direitos e onde começam os direitos dos outros certamente vão formar uma geração altamente doente, pela falta de limites. Vão formar famílias com graves problemas e fadadas ao esfacelamento, seus filhos certamente vão sofrer do mesmo mal. A sociedade precisa com urgência refletir e buscar modos de enfrentar esta questão. 

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Dr. Norberto Louback Rocha

Dr. Norberto Louback Rocha

A Saúde da Mulher

O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.

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