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Insônia e menopausa
Um acontecimento comum na vida de todos nós, embora muita gente tenha problemas com ele, pode se tornar num motivo de maior sofrimento para as mulheres em fase de menopausa.
Me refiro ao sono. Um momento agradável e relaxante, comum a praticamente todos os seres vivos. Os tubarões são uma das exceções; segundo os especialistas este peixe não apresenta os sinais típicos do adormecimento.
O sono é um processo complicado, que envolve mudanças cerebrais, hormonais, enfim uma enorme alteração em muitas funções orgânicas.
A privação do sono, uma das formas de tortura utilizadas há muito tempo, leva a uma tremenda desordem nas funções normais do corpo humano.
Apesar de ser ainda pouco estudada pela ciência, pois a maioria dos estudos a respeito da insônia foi realizada com homens, as dificuldades da mulher para dormir sem auxílio de medicamentos ficam mais evidentes na menopausa.
Com certeza, uma das reclamações mais frequentes nos consultórios dos ginecologistas, a falta de sono nesta época da vida feminina é seguramente um sério problema.
As consequências deste maldormir, ou de não dormir um mínimo de tempo por noite, afeta de modo intenso a qualidade da vida da mulher.
Este acontecimento se estende ao universo delas de modo grave, ao afetar o universo por elas governado. A vida familiar, o relacionamento com os maridos e filhos, o seu local de trabalho e outras situações onde o equilíbrio emocional é sumamente importante.
Qualquer um de nós, que já passou pela dolorosa experiência de algumas noites maldormidas, por qualquer motivo que seja, desde uma doença pessoal até preocupações com a família ou com negócios, sabe exatamente como os dias seguintes daquelas noites sem sono são difíceis de serem conduzidos.
Segundo as estatísticas, dez a quinze por cento das mulheres sofrem de alguma forma de insônia crônica. Este número se torna bem maior no período da menopausa.
Os estudos que procuram avaliar as melhorias na qualidade do sono feminino, antes e depois dos tratamentos com hormônios, ainda são poucos.
Segundo as pesquisas, a causa mais citada pelas mulheres nesta época de suas vidas, a menopausa, como sendo a que mais atrapalha o sono, foram as ondas de calor.
Chamadas por nós, médicos ginecologistas, de fogachos.
Provocadas por alterações na circulação do sangue que ocorrem com mais frequência no pescoço e na face, estas ondas de calor acordam a mulher diversas vezes numa mesma noite, transformando suas noites em verdadeiras tragédias de insônias, que se repetem muitas e vezes todas as semanas.
Apesar de ainda serem inconclusivos os estudos a respeito da utilização de tratamentos hormonais na menopausa para a melhora do sono, os relatos das pacientes que fazem este tipo de tratamento demonstram que de alguma forma elas dormem melhor.
O alívio das ondas de calor parece exercer uma importante ajuda para que o sono ocorra de forma mais normal, com menos interrupções.
Apesar de ser uma época da vida feminina marcada por enormes alterações, uma das mais importantes, a chamada síndrome do ninho vazio, com a saída dos filhos para a vida fora de casa dos pais, entre outras, com certeza as alterações hormonais exercem importante papel. Na medida em que a medicina aumentar a compreensão sobre este fato, certamente as mulheres poderão ser melhor atendidas e auxiliadas.
Dr. Norberto Louback Rocha
A Saúde da Mulher
O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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