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Fonte de vida e causa de morte!
Duas campanhas publicitárias estão aparecendo simultaneamente nos meios de comunicação, em nível nacional.
Falam a respeito do mesmo importantíssimo órgão do corpo feminino.
As mamas. Vistas por dois ângulos diferentes, sugerem uma cruel ironia da vida da mulher. Por um lado, símbolo de beleza e feminilidade, fonte de vida para os bebês.
Por outro, causa de sofrimento, mutilação e morte para milhões de mulheres em todo o mundo.
Apesar de todo o progresso nas técnicas de detecção precoce do câncer de mama, principalmente a mamografia digital, o índice de morte pela doença continua alto.
Entre as brasileiras, cerca de quarenta mil novos casos são diagnosticados por ano, grande número deles em estágio avançado.
Os números relacionados ao óbito por câncer de mama atingem por volta de dez mil mulheres por ano.
Uma dolorosa ironia esta a que assistimos, o órgão que produz o leite da vida para os pequeninos é também a segunda maior causa de morte entre as mulheres.
Não é apenas entre as brasileiras que este nível de mortalidade é grande. Em todo o mundo, excetuando-se alguns países mais desenvolvidos e com mais recursos, os níveis de mortalidade por esta doença continuam elevados, principalmente devido ao descobrimento tardio, quando o câncer já não está limitado apenas à mama, mas já lançou suas sementes de morte para outras partes do corpo.
A amamentação é acontecimento digno de todas as comemorações. Por muitas razões, esta forma de alimentação do ser humano nos seus primeiros meses de vida deve ser comemorada e estimulada.
As estatísticas mostram que as crianças alimentadas no seio materno apresentam desenvolvimento orgânico superior. O mesmo parece ocorrer no aspecto emocional.
Do ponto de vista da resistência contra doenças, estas crianças encontram-se muito bem protegidas, visto que o leite materno possui anticorpos e vacinas que passam diretamente para o organismo do bebê, fornecendo a ele os mecanismos de defesa contra os micróbios que desde cedo possam agredi-los.
O leite é considerado o alimento perfeito por natureza. É isento de bactérias, contém todas as substâncias mais nutritivas, como proteínas, gorduras, sais minerais e vitaminas.
Atende a todas as necessidades da criança nos primeiros seis meses de vida.
Do ponto de vista emocional, é o momento perfeito de recompensa para mãe e filho.
Chama a atenção de todos a coincidência intencional do lançamento destas duas campanhas. Ressaltam também os aspectos mais opostos da mesma parte do corpo feminino, a dualidade de ser fonte de vida e causa de morte.
Apesar de todos os esforços realizados pelo governo e por entidades médicas, por meio de campanhas de esclarecimento e de estimulo, os números do câncer de mama se mantêm altos.
Da mesma forma o trabalho de convencimento para que as mulheres procurem manter-se amamentando seus filhos até os dois primeiros anos de vida, ainda não atingiu seus objetivos plenos.
Por muitas razões, a principal delas sendo o retorno ao trabalho da maioria das mães apenas com quatro meses após o parto.
De qualquer forma, não devemos desanimar. São muito válidos todos os esforços para que a mama continue sendo cada vez mais fonte de vida e monos causa de morte!
Dr. Norberto Louback Rocha
A Saúde da Mulher
O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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