Ele salva vidas

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Um velho pediatra, das antigas, como ele mesmo se dizia, já perto de se aposentar, todas as vezes que alguma mãe ou avó, preocupada com a saúde de um bebê, comentava a respeito do leite de vaca, respondia com toda clareza: O leite da vaca é para o bezerro. Para o seu neném só o leite materno. Mas as coisas não são assim tão simples como parecem. 

Apesar de todas as críticas que se possa fazer, o leite de vaca tem mantido muitas crianças em boa saúde no mundo inteiro e inclusive muita gente adulta faz bom uso dele, puro ou na forma de queijos, iogurtes, coalhadas e requeijões. É uma excelente fonte de cálcio para os ossos de todos nós, muito recomendado para mulheres na menopausa, como prevenção da osteoporose. Quantas mães, quando por alguma razão seu leite secou, criaram seus filhos com a ajuda do velho leite de vaca e até hoje este alimento continua sendo um grande aliado de muitas mães, tanto nas cidades quanto nos lugares mais afastados e pobres do planeta. Mas existem situações nas quais somente o leite humano é capaz de salvar a vida de um bebê muito prematuro — e isto ocorre todos os dias, em todas as cidades. 

Aqui em Nova Fribugo, na maternidade pública que leva o nome de um médico que muito fez pela comunidade friburguense, Dr. Mario Dutra, como era conhecido por todos, foi fundado há cerca de doze anos um banco de leite humano, graças ao esforço dos pediatras daquela unidade de saúde, e com o apoio do banco de leite humano do Instituto Fernandes Figueira, do Rio de Janeiro. Um banco de leite humano tem uma importância incalculável para recém-nascidos prematuros. São crianças que saíram do útero de suas mães muito antes do tempo certo e pagam um alto preço por isto. Uma gravidez normal dura em média 40 semanas, mas muitas nascem com 28, 32 e até menos. Nestes casos é que o leite humano é fundamental. Não apenas como fonte de nutrientes, mas principalmente de vacinas e  anticorpos contra as doenças mais comuns que podem causar a morte do bebê. O leite materno carrega em si tudo aquilo que o bebê precisa para sobreviver.  Mas de onde vem o leite que abastece o nosso banco de leite humano, já que na maioria das vezes as mães destes bebês prematuros não o produzem? A única fonte são as outras mães que possuem uma sobra de leite em suas mamas. O banco de leite humano da nossa maternidade pública vive das doações destas mães. O ideal é que tenhamos uma média de 30 doadoras por mês, mas infelizmente hoje só temos dez. Por desconhecimento ou falta de informação, muitas mulheres que possuem leite de sobra não se tornam doadoras e deixam de ajudar a salvar vidas. Se você está amamentando, procure o banco de leite da nossa maternidade e, quem sabe, poderá ajudar muitas crianças. O telefone de lá é 2522-0514 .

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Dr. Norberto Louback Rocha

Dr. Norberto Louback Rocha

A Saúde da Mulher

O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.

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